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Conciliar a sala de aula com a gestão administrativa é a rotina do engenheiro Vinicius Licks

Desde a época de colégio, Vinicius Licks (MPA 2011) sabia que seria professor no futuro. No Ensino Médio, inspirado por um docente de Física e Matemática, definiu sua área de atuação. Mesmo após formado em Engenharia de Controle pela PUCRS, sempre perseguiu uma formação multidisciplinar e culturalmente ampla, que defende como necessária para qualquer profissional do ensino. Foi assim que entrou a Administração Pública em sua vida, com um mestrado em Harvard, e a graduação em Filosofia, recém concluída. Hoje é professor e reitor associado no Insper, em São Paulo.

Conciliar a sala de aula com a gestão administrativa é a rotina do engenheiro Vinicius Licks

— Tenho interesses bem distintos e diversos, pois entendo que isso é legal do ponto de vista da atuação como professor por colocar as coisas em um contexto diferente — reflete Vinicius. — Os professores deveriam ter uma formação cultural mais ampla, não viver dentro de uma bolha isolada.  

Um exemplo de furar a bolha, na prática, Vinicius observou desde o processo seletivo para Harvard, feito entre 2011 e 2012. Assim como outras instituições de ensino americanas, o que é mais valorizado não é a hiperespecialização, percebida no cenário brasileiro, e sim a diversidade intelectual. Na turma do Mestrado em Administração Pública (MPA) na universidade localizada em Cambridge, encontrou colegas com interesses tão variados como os seus, desde atletas até músicos.

A pós-graduação no exterior, aliás, entrou como forma de ampliar conhecimento teórico. Após cursar parte do currículo de Engenharia Mecatrônica na UFSC (Santa Catarina), transferiu-se para Porto Alegre e concluiu a graduação na PUCRS. Lecionou por 10 anos na universidade católica gaúcha e passou a se envolver também com demandas administrativas do curso. A reflexão que fez ao assumir as novas responsabilidades servem para todos os profissionais envolvidos com educação:

— Estudamos nossa área de especialidade, no meu caso Engenharia, e não somos preparados para ensinar, seja do ponto de vista pedagógico quanto na área administrativa. Ou seja, os professores têm uma formação técnica, mas sem a formação da didática e da gestão. E essas necessidades existem em qualquer nível da educação, do fundamental ao ensino superior. O que ocorre é que vamos aprendendo na prática, na tentativa e erro — destaca.

Assim, oito anos após ter concluído seu PhD (doutorado) em engenharia elétrica pela Universidade do Novo México (Albuquerque), Vinicius voltou aos bancos escolares para o MPA em Harvard, com bolsa viabilizada pelo Instituto Ling e também pela Fundação Lemann. Buscava aprender sobre as políticas governamentais para educação, ciência e tecnologia, e atingiu plenamente o objetivo.

— O que se percebe por lá sobre as políticas públicas de educação são as metas a serem perseguidas pelos gestores públicos brasileiros. A gestão brasileira se inspira muito na americana, com as políticas públicas especialmente baseadas em evidências, com dados coletados sobre efetividade das ações formuladas e avaliações sobre os resultados alcançados — compara.

O conteúdo das aulas em Harvard possibilitou ainda cursar disciplinas da faculdade de Educação, um complemento essencial por abordar questões do contexto pedagógico e da ciência do aprendizado. Ao retornar ao Brasil, mudou-se de Porto Alegre para São Paulo, convidado a criar os cursos de Engenharia no Insper, onde trabalha até hoje. 

Além de ter oportunizado a nova trajetória profissional, Harvard também trouxe uma experiência nova em 2016, quando atuou como diretor executivo do Escritório Brasil da universidade em São Paulo. E o mestrado impactou também diretamente no desejo de cursar Filosofia. A segunda graduação foi realizada na USP, concluída neste segundo semestre de 2023, e inspirada por conversar com pessoas que conheceu no período vivido nos EUA. 

— A atividade de ensino anda sempre junto com o aprendizado. Quando você ensina alguém, está sempre aprendendo junto. Um professor é eternamente um estudante. Sem isso, você não consegue cumprir sua missão de ser um bom professor e vai perdendo o que é ser um bom acadêmico, que é conhecimento atualizado — opina.

Descobriu cedo a vocação para lecionar: soube que gostaria de ser professor já na época de colégio em Taquara, mas estava em dúvida sobre cursar Engenharia ou Relações Internacionais, por gostar de línguas estrangeiras. Quem colaborou na decisão foi um professor de Física e Matemática curiosamente chamado Isaac (qualquer relação com Isaac Newton não seria mera coincidência) Padilha Guimarães. O carisma na atividade docente era o grande diferencial, além da disponibilidade para conversar com os alunos, algo que Vinicius tem como meta até hoje, aos 46 anos, sendo professor no ensino superior há duas décadas.

— Gosto muito de lecionar, mesmo tendo atividades administrativas. Faço questão de dar aula, é prazeroso. Parte do meu tempo no Insper é focado em receber os estudantes, contar com horário de atendimento e estar disponível para conversar com os alunos, futuros engenheiros — conta Vinicius, que ministra disciplinas de Engenharia de Computação, Engenharia Mecânica e Mecatrônica, além de Matemática Aplicada.

Refletindo sobre a situação educacional no país, Vinicius acredita que um dos principais desafios é atrair talentos para a carreira de professor, um “nó” que também existe em outros lugares do mundo. E esta é uma questão não só do ensino público, mas também do privado.

— Um chamamento bacana que eu faria é de que as pessoas que tenham interesse em trabalhar com educação se dediquem à atividade-fim, ou seja, lecionando, nem que seja temporariamente, para entender a atividade educacional — comenta o professor e agora filósofo, trazendo outros questionamentos importantes: — Como manter pessoas talentosas engajadas na carreira docente? Como tornar a profissão mais atrativa, tanto em termos de condições de trabalho, remuneração e status dentro da sociedade? Este é um desafio civilizatório — conclui.

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