Conheça Eduardo Baer, fundador do iFood e da DogHero

Desde cedo, Eduardo Baer sabia o que queria: empreender e inovar em projetos de impacto. Depois de cursar simultaneamente Administração na USP e Publicidade na ESPM, ajudou a fundar a iFood com colegas de faculdade. A oportunidade de cursar um MBA na Universidade de Stanford, com apoio do Instituto Ling, pavimentou o caminho para voltar ao Brasil com a mente cheia de ideias inovadoras: fundou a DogHero em 2014 e, hoje, atua como Chief Operating Office da fintech Nomad.

Conheça Eduardo Baer, fundador do iFood e da DogHero

O empreendedorismo foi o caminho que Eduardo Baer encontrou para aliar seu interesse em ver projetos crescerem com a motivação proporcionada por enxergar o impacto de suas ações. “Sempre gostei muito de colocar a mão na massa e criar algo que gere impacto na vida das pessoas", conta o empresário de 40 anos.

Atuando como Chief Operating Officer (COO) da fintech Nomad desde março de 2023, Eduardo traz na bagagem a atuação como co-fundador da iFood e da DogHero. A experiência de trabalho diversa do administrador formado pela USP é guiada pelo desejo de aplicar na prática métodos que gerem sucesso a longo prazo.

 

Empreendedor desde a adolescência

A vontade de estar à frente de inovações acompanha Eduardo há bem mais tempo do que o registrado no currículo. Antes mesmo de sair da escola, ele chamou atenção de veículos como Veja e Folha de São Paulo ao criar o Underzone, site de difusão de músicas em MP3.

“Eu alugava CDs em lojas, copiava as faixas e subia para a internet. Com o dinheiro que vinha de anúncios feitos na plataforma, pagava o servidor”, lembra Eduardo. O site chegou ao fim por obstáculos legais – é ilegal disponibilizar músicas online sem o pagamento de direitos autorais – mas foi o primeiro passo de uma trajetória marcada pela criatividade.

Em seguida, Eduardo adaptou a proposta e criou o MP3 Miner, site inspirado no buscador do UOL, que permitia aos usuários navegar por um catálogo de músicas em formato MP3. “Nunca ganhei dinheiro, mas aprendi que gostava de fazer algo que pudesse ser útil para as pessoas”, destaca.

 

Criando um legado: da USP ao iFood

Na hora de prestar vestibular, Eduardo não teve dúvidas e prestou Administração na Universidade de São Paulo (USP). De início, já se envolveu com a Empresa Júnior da faculdade e começou a atuar como gerente de eventos.

Da vontade de participar em uma competição de cases de negócios, criou um legado na universidade. “Queria participar de uma atividade de outra faculdade, que só aceitava alunos de dentro. Então, criei meu próprio evento na USP.” Depois da formatura de Eduardo, o Business Case Competition seguiu no calendário de eventos da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP. “Chegamos a levar alunos para competir na Universidade de Washington com patrocínios que angariamos”, lembra Eduardo.

As inquietações sobre a graduação surgiram depois do primeiro semestre, e levaram Eduardo a ingressar em um segundo curso: Marketing, na ESPM. O espírito de aprender mais para empreender melhor ocupava os dias do estudante. “Passava a manhã na faculdade, a tarde na Empresa Júnior e a noite nas aulas da USP.”

Antes mesmo da formatura, Eduardo ingressou na Disk Cook, à época uma pequena empresa de entregas de refeições, que contava com quatro funcionários. A prática o instigou a estudar ainda mais, e seu Trabalho de Conclusão de Curso foi um modelo de negócios para escalar a empresa. Logo, Eduardo se tornou braço direito do CEO da Disk Cook, Patrick Sigrist.

A proposta do estudante era de que a empresa terceirizasse a parte das entregas para atender o Brasil inteiro, num modelo de prateleira infinita. Se o funcionamento parece familiar, é porque é: depois de chamar três amigos da FEA para integrar a equipe do Disk Cook, o grupo criaria o modelo de negócio do iFood.

O irmão, Rodrigo Baer – que também faz parte da turma de bolsistas do Instituto Ling – foi quem deu a Eduardo o caminho das pedras para levantar fundos com venture capital. Com o aporte financeiro, os jovens empresários montaram e criaram a plataforma do iFood em 2011. Foi também o irmão que mostrou que era possível fazer MBA fora do Brasil e foi de grande influência para Eduardo seguir esse caminho – Rodrigo cursou o MBA em Northwestern, em 2005. “Meu irmão mostrou que a oportunidade do MBA existia e era um caminho viável”, diz Eduardo.

O empresário lembra que a criação do iFood foi uma escola de processos gerenciais e criação de business plans. Mas ele sabia que não estava ali para ficar. Depois de formado, passou por um breve período como consultor na Bain & Company, e lembra do seu caráter decidido já à época: “Em uma entrevista, o gerente geral me perguntou onde eu me via dali a 5 anos. Eu já sabia: me formando no MBA em Stanford.”

 

Aprendendo no epicentro da inovação

Com os aprendizados proporcionados pelas passagens na Disk Cook, no iFood e na Bain, Eduardo sentiu a necessidade de aprofundar a capacitação técnica para trazer melhores resultados aos espaços onde atuasse. “Sentia que estávamos trabalhando com tentativa e erro, não tinha ainda muita referência do que era empreender em uma empresa de tecnologia no Brasil.”

Nada melhor, então, do que aprender no epicentro da inovação em empreendedorismo e tecnologia, berço de inúmeras startups de sucesso. Com a bolsa do Instituto Ling, Eduardo foi cursar MBA na Universidade de Stanford para ver de perto como funcionavam as empresas de tecnologia no Vale do Silício.

“Só o fato de estar lá no ambiente efervescente do Vale do Silício, cercado de gente querendo empreender, já era um aprendizado.” Durante a pós-graduação, Eduardo também trabalhou na Turo, empresa de marketplace de aluguel de carros – ao estilo AirBnb. O modelo de economia compartilhada, que Eduardo assistiu tomar forma na prática durante seu período na Turo, o inspirou a empreender quando retornou para o Brasil após o MBA.

 

Do zero à atuação na América Latina

Em 2014, o AirBnb capitaneava a tendência da economia compartilhada e dava um exemplo de sucesso no ramo. Mas, para Eduardo criar sua própria empresa no setor no Brasil, ainda faltava encontrar o nicho adequado. “Eu pensava: onde vou aplicar esse modelo de forma a melhorar a experiência do cliente?” O chamado – ou melhor, o latido – veio do mercado pet.

A ideia da empresa era servir de solução para os “pais de pet” que queriam viajar e não tinham onde deixar os bichinhos. “Os canis são muito estressantes para os pets, e eu via que isso se tornava um problema para as famílias.” Com o aprendizado do iFood no currículo, decidiu criar uma empresa com tecnologia embarcada, que pudesse ver crescer do zero.

Além do serviço de hospedagem de cães, a DogHero começou a oferecer dog walking e creche diurna para pets. O que mais importava para Eduardo era que o impacto para os clientes finais fosse visível. “O que me atraía era o aspecto de dar uma solução para o cliente. Ter um pet é uma das coisas que mais traz alegria para as pessoas, mas elas se privavam de viajar por conta disso. O DogHero trazia uma solução.”

Após expandir e começar a atuar na Argentina e no México, a pandemia em 2020 trouxe um baque inesperado para a DogHero, que planejava participar de uma rodada de investimento que permitisse globalizar o negócio. Com a suspensão de viagens por tempo indeterminado, o faturamento caiu e os sócios precisaram recalcular a rota.

A solução veio por meio da PetLove, que havia recebido investimentos para expandir além do e-commerce e passar a oferecer serviços. A empresa adquiriu a DogHero e, com a união, Eduardo se tornou Chief Product Officer da PetLove.

 

Cidadão do mundo

Depois de aprender e colocar a mão na massa, Eduardo decidiu tirar um período sabático para curtir a família e o filho de 3 anos. “Queria tomar uma decisão sobre um próximo passo de carreira de forma tranquila”, conta.

A decisão veio em março de 2023, quando retornou para o Brasil com a família depois de 4 meses em uma volta ao mundo e assumiu o cargo de Chief Operating Officer na fintech Nomad. “Estou muito feliz aqui. A Nomad está numa fase de construção. Isso me motiva bastante e eu nunca tinha trabalhado em uma empresa que estivesse nessa etapa da jornada empreendedora”.

O negócio oferece contas globais gratuitas para brasileiros que desejam viajar, investir, comprar ou poupar em dólar. A oportunidade de escolher trabalhar em um espaço alinhado com o propósito de Eduardo é resultado de uma trajetória de apostas na inovação. “Eu me considero um cidadão global, e a Nomad quer inserir brasileiros nesse cenário da economia internacional. A ideia é democratizar o acesso a esse mundo”, conclui.

04.10.2024

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