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De jornalista a gestor público e privado em busca de impacto social

Aos 24 anos, Daniel Barros era um jornalista bem sucedido: trabalhava na área desejada, fazia reportagens em profundidade para a revista Exame e já acumulava premiações importantes da Comunicação, como o prestigiado Prêmio Esso. E então veio a decisão que mudou sua carreira (e sua vida): deixar de noticiar e passar a atuar nas mudanças que queria ver no mundo. Um MBA como bolsista do Instituto Ling foi o começo de tudo.

De jornalista a gestor público e privado em busca de impacto social

"A diferença começa na escola": a frase que ressalta a importância da educação transformou a vida do jornalista Daniel Barros, 31 anos, em muitas camadas. Não só é o título de uma reportagem sua triplamente premiada, mas também deu o norte para seu primeiro livro e para uma progressão de carreira muito bem sucedida, tendo passado pelo serviço público e agora como sócio em uma edtech no setor privado. E assim como nos textos que ele próprio escrevia em profundidade, esta história também precisa de espaço para ser bem contada. 

Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aos 24 anos Daniel atuava como repórter da revista Exame cobrindo justamente seus temas preferidos, como política, economia e educação. A dinâmica de trabalho permitia um tempo de dedicação maior às pautas, ao contrário da exigência de um veículo diário, por exemplo. E assim surgiram reportagens extensas e relevantes, várias delas indicadas a prêmios e premiadas entre 2012 e 2015. 

Por três anos consecutivos, foi finalista do Prêmio Esso de Jornalismo, com as matérias "Onde o Brasil desponta" (2012) e "A festa dos royalties" (2013); 2014 trouxe o prêmio na categoria Educação. A reportagem "A diferença começa na escola" ganhou ainda o Prêmio Imprensa Embratel e da Confederação Nacional da Indústria. E então algo diferente também começou na vida de Daniel.

“Entendi que, muito mais do que escrever sobre políticas públicas, eu queria estar envolvido na construção delas. Há um limite no quanto você consegue impactar atuando como jornalista, especialmente nessa área”, contou em uma conversa com a equipe de bolsas do Instituto Ling.

 

Mudança de rota

A partir daquele momento, Daniel passou a desenhar para si uma nova jornada, começando por escolher uma pós-graduação. Por morar em São Paulo, cogitou um mestrado na Fundação Getúlio Vargas, usando o valor dos prêmios jornalísticos para financiar os estudos. Mas então a vida de repórter o levou a um novo encontro com o professor Marcos Troyjo, da School of International and Public Affairs da Columbia University, com quem compartilhou seus planos. Foi incentivado a se inscrever em seleções internacionais e, mesmo com o tempo curto, decidiu arriscar.

“Um dos aspectos mais valiosos do Jornalismo é essa rede de contatos que criamos. Com 20 e poucos anos eu já tinha um networking que muita gente leva a vida toda para construir”, recorda. 

Com boas cartas de recomendação, escolheu 4 instituições diferentes para se inscrever e comemorou a aprovação em Columbia para cursar Administração Pública. O apoio da bolsa do Instituto Ling foi essencial para garantir os dois anos de estudos em Nova York de 2015 a 2017. 

“A vivência de poder se dedicar ao curso em tempo integral é singular, especialmente naquele momento específico de vida. É poder se aprofundar, mergulhar na experiência, ainda mais em uma das melhores universidades do mundo”, destaca o bolsista, que já havia morado fora do Brasil quando adolescente  – seu pai foi transferido para a China e lá Daniel cursou o Ensino Médio.

 

Um verão de oportunidades

É prática tradicional os estudantes universitários e de pós-graduação aproveitarem os meses das férias de verão nos Estados Unidos para se aventurarem em suas áreas profissionais, nos chamados “summer programs”. Foi assim que Daniel conseguiu uma oportunidade para atuar em projetos da prestigiada consultoria McKinsey & Company. Ao retornar, seguiu na empresa, na interlocução com empresas públicas e governo, até receber um convite especial. Daniel entrou como consultor na Fundação Lemann, envolvido com o movimento pela Base Nacional Curricular ao longo de 2018.

“Foi um momento crucial porque estávamos trabalhando pela aprovação da base do Ensino Médio e e também era o período em que pretendia lançar meu livro sobre o sistema de educação no Brasil. Teria muito mais potencial de repercussão”, comemora.

Assim nasceu “País mal educado”, livro-reportagem escrito nos 3 anos anteriores e publicado pela editora Record. Na obra, o autor faz a pergunta decisiva: por que se aprende tão pouco nas escolas brasileiras? As mais de 300 páginas trazem um diagnóstico preciso da crise de aprendizagem e esmiuça o que funciona ou não na obtenção de resultados educacionais. 

 

Do setor público ao setor privado

Com a chegada do livro, hora de mais um capítulo na carreira. Na virada de governo no Estado de São Paulo, foi convidado a trabalhar como subsecretário na Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Orgulha-se dos resultados atingidos pelo setor em determinados programas, especialmente no volume de alunos que passaram a ser atendidos em escolas de ensino técnico e conquistaram uma formação.  

“Trabalhar no setor público me deu um grande senso de propósito. Me aproximei muito da temática de conexão entre educação e trabalho, que é um limbo hoje. Mesmo organizações de terceiro setor e da sociedade civil organizada que olham para a educação geralmente estão distantes dessa discussão”.

 

União do trabalho com educação

E como tudo se conecta quando o propósito está claro, surgiu a oportunidade que Daniel agora abraça na edtech Galena, considerada a quarta startup com maior potencial do Brasil em 2022, segundo a Fundação Dom Cabral. Edtech é a junção das palavras “education” e “technology”, e define empresas que usam a tecnologia para melhorar a educação em seus mais diversos aspectos. 

Fundada em dezembro de 2020, a Galena tem como foco inserir jovens de 18 a 24 anos no mercado de trabalho para que eles possam dar início a uma carreira de sucesso e prosperidade. Daniel se uniu como sócio da empresa e é COO (diretor de operações), em um time que já chega a 100 pessoas trabalhando na causa. E é com brilho no olho que encara o novo desafio.

“Acredito muito no papel do setor privado para inovar nas soluções educacionais e de empregabilidade - e por que não fazer isso para os que mais precisam? Tem muita gente dedicada e capaz na rede pública para os RHs ficarem restritos a quem teve mais acesso a oportunidades educacionais”, como escreveu em um de seus inspiradores posts de LinkedIn.

 A diferença começa na escola, mas estar disposto a continuar estudando e se desenvolvendo também faz toda a diferença.

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