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Fábio Iunis de Paula | Um dos pioneiros do ecossistema de Venture Capital na América Latina.

Com mais de 20 anos de experiência, participando desde a privatização das telecomunicações nos anos 90 até os atuais projetos de IoT, o investidor apaixonado por empreendedorismo, tecnologia e inovação é um dos fundadores da Indicator Capital.

Fábio Iunis de Paula | Um dos pioneiros do ecossistema de Venture Capital na América Latina.

Ao decidir fazer um MBA na Universidade de Chicago, Fábio Iúnis de Paula foi muito questionado se estava tomando a decisão certa. Vários fatores contavam contra: estava com quase 30 anos, idade um pouco acima da média dos alunos de MBA à época, iria sair de uma grande empresa, largando uma promissora carreira para ir estudar nos Estados Unidos por dois anos, a um custo financeiro altíssimo e sem ter os recursos financeiros necessários. Mesmo assim, em meados de 1996, resolveu que iria fazer o curso.

 

Engenheiro eletrônico de formação pela USP, ao fim da graduação Fábio tinha como ambição trabalhar em uma empresa multinacional. De início, trabalhou com pesquisa e desenvolvimento de redes para infraestrutura de comunicação de dados, e logo surgiu uma oportunidade na IBM. Como participante do programa de trainees da empresa, iniciou na área técnica, mas teve contato com outros setores que despertaram seu interesse.

 

Ao mesmo tempo, seu plano era seguir estudando e, logo ao término da faculdade, ingressou em um pós-graduação. Foi um momento de expandir horizontes, pois, ao invés de aprofundar conhecimentos na área da engenharia, optou pelo-CEAG, curso de pós-graduação em Administração da FGV.   Com isso, pretendia aos poucos migrar de uma carreira mais técnica para uma mais voltada à área comercial e administrativa, que já despertavam seu interesse.

 

Essa ampliação de escopo permitiu a Fábio aproveitar as oportunidades que foram surgindo ao longo dos seis anos em que trabalhou na IBM. O programa de trainee também propiciou vários treinamentos, inclusive com um período de residência no exterior. À medida que crescia na empresa, começou a ter contato com os altos executivos e percebeu que ainda havia lacunas em sua formação.  Vários desses profissionais haviam passado por um MBA em universidades de primeira linha fora do Brasil e esse sonho passou a motivar Fábio, que decidiu seguir o mesmo caminho.

 

Mas não foi um processo fácil. Filho de mãe professora e pai que nunca completou o Ensino Médio (apesar de ter uma carreira muito dedicada), ele sabia que não poderia contar com apoio financeiro da família. Além disso, apesar de já ter uma vivência no exterior, ainda tinha dificuldade com o inglês. O processo de application (candidatura ao MBA), antes das facilidades oferecidas hoje pela internet, também era menos acessível. Sem ter histórico na família de cursos deste nível na área de engenharia e administração, Fábio refletiu bastante para ter certeza das suas motivações e onde queria estudar.

 

A preparação ao MBA exigiu bastante estudo e dedicação. Foi uma época em que trabalhava e, no intervalo do almoço, fazia aulas de inglês. Fez ainda muitos simulados de GMAT nos finais de semana e nas madrugadas. Com seu raciocínio de engenheiro, candidatou-se no maior número de escolas possível, uma vez que o processo naquela época já era bastante competitivo e a estatística precisaria estar ao seu lado também. Por fim, recebeu a aprovação para o MBA na Universidade de Chicago, atendendo ao interesse em ampliar seus conhecimentos na área financeira, à qual ainda não tinha sido exposto.

 

 

Fabio conta que, mesmo sendo disciplinado financeiramente, estava ainda em carreira inicial e só tinha recursos para cobrir o primeiro ano do MBA. Foi então que começou a buscar bolsas de estudo. Através do networking do MBA, soube que só havia duas instituições que concediam este tipo de apoio: o Instituto Ling e a Fundação Estudar. O Instituto Ling estava em seu segundo ano de atividades, concedendo ainda poucas bolsas e ele, apesar de ser considerado um candidato qualificado, não foi selecionado como bolsista.

 

A negativa não o desanimou. Partiu para Chicago com os recursos disponíveis e reforçou seu orçamento durante o MBA fazendo estágio. Mas as contas ainda não fechavam. Persistente, em 2017 candidatou-se pela segunda vez a uma bolsa do Instituto Ling, dessa vez com sucesso, o que possibilitou realizar a segunda metade do mestrado – e ampliar suas oportunidades:  finalizado o curso, recebeu várias ofertas de trabalho, tanto nos EUA quanto no Brasil.

 

Fábio sabia que não queria trabalhar como consultor e percebeu, ao longo do MBA, o quanto gostava tecnologia. Além disso, constatou que era grande a quantidade colegas que já tinha larga experiência no mercado financeiro. Logo, se retornasse à engenharia, teria maior diferencial competitivo e, assim, optou por voltar à sua área de atuação original.

 

Decidiu aceitar a oferta de trabalho na Lucent Technologies, onde passou um ano em treinamento conhecendo todas as sedes da empresa nos EUA, para, em seguida, voltar ao Brasil e liderar o negócio da marca no país. A Lucent Technologies tinha recém montado sua fábrica em Campinas, e Fábio abriu o escritório no Rio de Janeiro que, seis meses depois, já contava com 150 pessoas trabalhando. A empresa participou ativamente nas privatizações da área de telecomunicações nos anos 90, processo que Fábio avalia ter sido fundamental para a acessibilidade e ampliação drástica no uso de telefonia e internet para os brasileiros, tanto empresas como pessoas físicas.

 

Foi então, em pleno boom da Internet, que apareceu o convite para participar como um dos fundadores da South-Net, incubadora da América Latina, - filiada à Southern Cross Private Equity. Lá, Fábio pôde colocar em prática o sonho de ser sócio de uma empresa, montar um negócio e empreender como sócio fundador: Estruturou, gerenciou e ajudou a financiar negócios iniciantes B2B, fornecendo suporte de governança, gerencial, financeiro, técnico e operacional a esses novos empreendimentos e co-investindo com grandes corporações da região.

 

A seguir, foi convidado para trabalhar na investidora em VC Intel capital. Achava que ficaria lá por um ou dois anos, para então voltar ao mundo corporativo. Mas sua jornada na Intel durou 17 anos, período em que aprendeu muito sobre a área de investimentos e empresas de tecnologia. A partir daí,  decidiu montar seu próprio negócio e, com seus sócios,  fundou sua própria incubadora em 2014. No início, atuou como conselheiro, enquanto ainda trabalhava na Intel. A partir de 2018, tornou-se empreendedor em tempo integral, como sócio fundador da Indicator Capital, que investe nos pilares da transformação digital.

 

Fábio fala com orgulho da Indicator Capital, que conta com 10 colaboradores no escritório sediado no Brasil. O primeiro fundo, que exigiu bastante esforço por ter levantado recursos no Brasil, algo pouco comum na época, foi para voltado a investimento de risco em tecnologia, 16 empresas seed. Sua relevância logo apareceu, pois a transformação digital virou pauta obrigatória das empresas para mantê-las competitivas.  O segundo fundo da empresa, lançado em maio 2021, já captou cerca de R$ 300 milhões e tem como foco investir em infraestrutura e desenvolvimento tecnológico no Brasil, dentro do Plano Nacional de IoT (Internet of Things) do país. O fundo, uma parceria público-privada que conta com o BNDES entre os investidores, já fez 7 investimentos e tem como objetivo chegar a um número entre 25 e 30 projetos. Fábio tem certeza de que desses negócios sairão inovações algumas que se transformarão na base do setor de IoT no Brasil, uma área estratégica para levar a tecnologia à agricultura, à indústria, à saúde e ao funcionamento das cidades.

 

Morando hoje no Vale do Silício, nos EUA, com a esposa e a filha de 9 anos, diz que não imaginava onde sua longa carreira o iria levar. Mas juntando todos os pontos, sua trajetória que alia tecnologia de ponta a negócios faz todo o sentido.  Para ele, na área de investimento em tecnologias digitais, estar no Vale do Silício, onde o estado-da-arte acontece, faz a diferença. Sempre que pode, está de “radar ligado”, buscando identificar as novidades em um setor tão dinâmico, para então beneficiar projetos 100% brasileiros.

 

Como um participante ativo do plano nacional de privatização das telecomunicações que transformou o Brasil nos anos 90, Fábio espera coroar sua trajetória causando impacto similar com os projetos de IoT – e com as próximas tecnologias que surgirão – contribuindo assim para o desenvolvimento do país.

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