exposição

A Certa Sombra | Exposição de Marina Camargo

01/07/2023 às 10h30 até 23/09/2023 às 20h

A Certa Sombra | Exposição de Marina Camargo

A Certa Sombra

Vivemos em constante rotação, atraídos por uma força proporcional à massa e ao tamanho desta esfera que chamamos Terra. Não se trata exatamente de uma esfera, pois suas calotas são achatadas, mas a chamamos assim por aproximação geométrica e conveniência de representação.

É na aparentemente inofensiva combinação de aproximação geométrica e conveniência de representação que Marina Camargo funda sua prática artística. Grande parte de suas obras recentes mergulham na margem de erro das convenções cartográficas que registram, perpetuam e expandem concepções hegemônicas do território. Muitas vezes esquecemos que todo mapa resulta de uma operação de projeção e opera como uma ferramenta de controle (cognitivo, simbólico, técnico ou, efetivamente, bélico). Marina nos ajuda a retomar o estranhamento e a dúvida, levando os mapas a se encontrarem com outra forma de projeção: a sombra.

Resultante do bloqueio de raios de luz por corpos opacos, a sombra é um indício de tamanho e forma das coisas e das superfícies, podendo tanto revelar dimensões difíceis de mensurar, quanto conduzir a ambiguidades e equívocos. Um eclipse, por exemplo, comprova posições, distâncias e tamanhos de corpos celestes, mas também oculta a fonte da luz. É instintivo querer evitar a sombra, retardar o eclipse, perder as descobertas dele decorrentes e sonhar com a correção absoluta (e inatingível) de mapas sem distorções e arbitrariedades. O que Marina faz é resistir a esse instinto, dando um passo atrás na sombra, alcançando a antombra, de onde há distância suficiente para enxergar o halo de luz por trás do corpo opaco que provoca o eclipse. Ficar com o mapa, torná-lo sombra, deixar que amoleça, manche, dissolva, cante.

O que hora vemos nesta exposição é um novo passo na jornada de Marina Camargo, que começa a apalpar os cacos dessa cartografia-sombra amolecida e dobrá-la como um origami, uma fábula, um bicho.

Paulo Miyada

Curador

 

Sobre o curador:

Paulo Miyada é curador e pesquisador de arte contemporânea. Possui mestrado em História da Arquitetura e Urbanismo pela FAU-USP, onde também foi graduado. É curador chefe do Instituto Tomie Ohtake desde 2015 e curador adjunto do Centre Pompidou desde 2021. Foi curador adjunto da 34ª Bienal de São Paulo (2019-2021) e do 34º Panorama da Arte Brasileira do MAM-SP (2015). Entre suas curadorias, destacam-se AI-5 50 Anos – Ainda não terminou de acabar (2018) e Anna Maria Maiolino – PSSSIIIUUU... (2022).

Esta programação é uma realização do Instituto Ling e Ministério da Cultura / Governo Federal, com patrocínio da Crown Embalagens.

 

Assista ao documentário da Exposição:

 

Explore os recursos de acessibilidade da exposição A Certa Sombra, de Marina Camargo. A conversa de abertura entre a artista e o curador Paulo Miyada foi registrada em vídeo, e conta com audiodescrição dos participantes e do espaço, interpretação em libras e legendas em português.

Essas medidas garantem uma experiência inclusiva para todos os interessados, reforçando nosso compromisso com a acessibilidade e enriquecimento cultural.

Assista a conversa com a artista e o curador da Exposição com acessibilidade:

 

Abaixo você pode conferir a audiodescrição das obras que fizeram parte da exposição e estão presentes no catálogo.

Instituto Ling · Audiodescrição das obras da Exposição "A Certa Sombra", de Marina Camargo

ficha técnica da exposição

  • Artista

    Marina Camargo

  • Curador

    Paulo Miyada

  • Identidade Visual

    Adriana Tazima

  • Produção Executiva

    Laura Cogo

  • Programa Educativo

    Gisele Marteganha

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Sobre a Artista

Marina Camargo
Crédito: Nik Neves

Marina Camargo é artista visual. Nascida em Maceió, sua formação ocorreu principalmente em Porto Alegre, onde estudou Artes Visuais no Instituto de Artes (UFRGS), concluindo bacharelado e mestrado. Entre 2003 e 2004, estudou Cultura Visual na Universitat de Barcelona (Espanha). Em 2010, recebeu uma bolsa do DAAD para estudar na Akademie der Bildenden Künste (Munique – Alemanha), posteriormente concluindo seus estudos na instituição.

Entre as exposições individuais que realizou recentemente estão: Onde a Terra dobra (Superfície, São Paulo, 2023), Cartografías fluidas y otras metarmofosis del espacio (Fundación Giménez Lorente / Universitat Politècnica de València – Espanha, 2022), A matter of deletion and other disappearances (Das Schaufenster, Seattle – EUA, 2021), além de participar de exposições coletivas como 37º Panorama da Arte Brasileira (Museu de Arte Moderna, São Paulo, 2022) e Guangzhou Image Triennial (Guangdong Museum of Art, em Guangzhou – China, 2021).

Obras da artista fazem parte das seguintes coleções: Museu de Arte do Rio (MAR), Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), Centro Cultural São Paulo (CCSP), Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS), Museu de Arte Aloísio Magalhães (Recife), Casa de Cultura Mário Quintana (Porto Alegre), entre outras.