exposição

Exposição A poética de Tunga – uma introdução

05/11/2024 às 19h até 08/03/2025 às 20h

Exposição A poética de Tunga – uma introdução

Em celebração aos 10 anos do Centro Cultural Instituto Ling, recebemos exposição A poética de Tunga - uma introdução, com curadoria de Paulo Sergio Duarte. A mostra apresenta uma seleção de 64 obras de diferentes fases, sendo 43 inéditas, expondo temas e conceitos que atravessam toda a poética do artista. Esta é a primeira exposição individual de Tunga na cidade de Porto Alegre, considerado uma das figuras mais emblemáticas da cena artística nacional.

 

A poética de Tunga – uma introdução

Tunga é como um tecelão, construindo um belíssimo e infindável tapete: sua obra, que nunca estará concluída, é constituída de diversas linhas que se entrelaçam e se emaranham, tal como no conceito de entrelaçamento quântico, segundo o qual o estado quântico de dois objetos só pode ser descrito globalmente, sem separar um objeto do outro, mesmo que estejam espacialmente separados.

Esse tecelão, a quem os conceitos de linha e de contínuo são tão caros, não trabalha com linhas materiais. Engana-se quem vê a linha contínua dos desenhos como um atrativo plástico. Ela é a isca que, ao nos fisgar, nos prende no anzol da sedução, na sua inexorável beleza, tão inteligente e atual. Corpos que se separam, se unem e se reencontram nas genitálias. Bem antes do desenho, antes de tudo, o artista tece com linhas de ideias da psicanálise, da física, da matemática e da filosofia; seu tapete se deixa banhar e tingir pela filosofia, pela literatura e pela poesia.

Paulo Sergio Duarte

Curador

 

Entre os trabalhos dos anos 1970, é possível perceber que o artista realiza investigações sobre o corpo e uma espécie de “erotismo mental”, materializado por meio de desenhos abstratos. A década seguinte é marcada pela pesquisa em torno da ideia da "tríade", representada na mostra pela série bidimensional A Vanguarda Viperina, de 1985, concebida paralelamente à performance de mesmo título. Em seguida, Tunga começa a explorar o magnetismo, especialmente por meio da produção dos TaCaPes, constituídos por ímãs. Já a pintura sobre papel Palíndromo Incesto, que dialoga com a série de esculturas de mesmo nome, revela o período em que Tunga se aprofunda no tema da palindromia, da via de dois lados e na ideia de eterno retorno. Os desenhos e gravuras da série From 'La Voie Humide' desdobram-se em instalações a partir dos anos 2010, destacando os estudos do artista relacionados à alquimia, simetria e espelhamento. O público poderá conferir também desenhos que fazem referência à instalação Gravitação Magnética, exposta na 19ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1987.

A inauguração será no dia 05 de novembro, terça-feira, às 19h, com bate-papo entre o curador Paulo Sergio Duarte e Antônio Mourão, filho de Tunga. Para participar, basta fazer a inscrição prévia e sem custo pelo site.

A mostra fica em cartaz até 8 de março de 2025, com visitas livres de segunda a sábado, das 10h30 às 20h, e a possibilidade de visitas com mediação para grupos, mediante agendamento prévio e sem custo pelo site. 

 

Sobre o curador:

Paulo Sergio Duarte é crítico, professor de história da arte e curador. Nasceu em 1946, em João Pessoa, Paraíba. Até março de 2020, foi pesquisador do Centro de Estudos Sociais Aplicados – CESAP – da Universidade Candido Mendes, onde dirigiu o Centro Cultural Candido Mendes. Exerceu diversos cargos públicos na direção de instituições de educação e cultura. Entre outros feitos, implantou o Núcleo de Arte Contemporânea – NAC (com Antonio Dias e Francisco Pereira) da Universidade Federal da Paraíba – UFPB (1978-1979); projetou e implantou o programa Espaço Arte Brasileira Contemporânea – Espaço ABC – da Funarte (com Glória Ferreira) (1979-1983); dirigiu o Instituto Nacional de Artes Plásticas da Funarte – INAP (1981-1983); atuou como Assessor-Chefe do Rioarte, na Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (1983-1984); foi Assessor de Modernização Administrativa da Secretaria Municipal de Educação e Cultura do Rio de Janeiro (1984); Chefe de Gabinete da mesma secretaria (1985-1986); Diretor Geral do Paço Imperial – IPHAN/Pró-Memória (1986-1990); Subsecretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro (1991-1993); e membro do grupo de implantação da Universidade Estadual Norte Fluminense – UENF (1991-1995). Foi curador de muitas exposições, tanto individuais quanto coletivas, de diversos portes, inclusive da Bienal do Mercosul de 2005, em Porto Alegre.

 

Esta programação é uma realização do Instituto Ling e Ministério da Cultura / Governo Federal, com patrocínio da Crown Embalagens.

PRONAC 233474


ficha técnica da exposição

  • Artista

    Tunga

  • Curador

    Paulo Sergio Duarte

  • Identidade Visual

    Adriana Tazima

  • Produção Executiva

    Laura Cogo

  • Programa Educativo

    Gisele Marteganha


Sobre o Artista

Tunga
Foto: Daniela Paoliello

Sobre o artista:

Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, conhecido como Tunga (1952, Palmares, PE – 2016, Rio de Janeiro, RJ), filho do poeta e escritor Gerardo Mello Mourão e de Léa de Barros Carvalho, foi criado num ambiente artisticamente privilegiado. Guignard morou na residência de seus avós maternos, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Orientado pelo Senador pernambucano Barros Carvalho, pintou no teto da sala de jantar uma paisagem de Olinda, sem nunca ter ido a Pernambuco. O famoso quadro Léa e Maura, conhecido como “As gêmeas de Guignard”, do acervo do Museu Nacional de Belas Artes, retrata a mãe de Tunga e sua irmã Maura. Consta ainda uma curiosidade biográfica: Tunga nasceu de fato no Rio de Janeiro, mas seu pai quis homenagear o sogro e o registrou em Palmares, em Pernambuco. Tunga formou-se em Arquitetura pela Universidade Santa Úrsula. Iniciou sua carreira na década de 1960 com desenhos e esculturas, abordando temas ousados em séries como O Perverso e Charles Fourier. Foi editor da Revista Nove (1969-71) e colaborador de Malasartes (1976). Na década de 1980, produziu instalações que exploravam forças invisíveis com materiais como ímãs, cobre e borracha. Criou obras icônicas, como Trança (1983) e Xifópagas Capilares (1984). Desenvolveu o conceito de "instaurações", ações que ativavam suas obras. Em 1997, publicou Barroco de Lírios, livro que faz um retrospecto de suas principais criações. Suas obras evoluíram, incorporando elementos como sinos e mondrongos, apresentados em instalações como True Rouge (1997) e Tríade Trindade (2001). Foi o primeiro artista contemporâneo a expor no pátio da pirâmide do Louvre (2005) e recebeu a honraria Chevalier des Arts et des Lettres.