exposição

LING apresenta: Gê Viana, com intervenção artística inédita

28/08/2023 às 10h30 até 04/11/2023 às 20h

LING apresenta: Gê Viana, com intervenção artística inédita

O Instituto Ling recebeu a artista visual maranhense Gê Viana para realizar uma intervenção artística em uma das paredes do centro cultural. De 28 de agosto a 1º de setembro o público pôde acompanhar gratuitamente a criação da nova obra, observando as escolhas, os gestos e os movimentos da artista. 

A atividade fez parte do projeto LING apresenta, que em 2023 contou com a curadoria de Bitu Cassundé, pesquisador e atual Gerente de Patrimônio e Memória do Centro Cultural do Cariri (Crato/CE).

 

Beiradas - a margem como centro

A ideia, ou imagem, do que entendemos sobre o Nordeste brasileiro se configura, em muito, pelo olhar do outro, pelo engessamento clichê, preconceituoso, racista, que alimenta narrativas ultrapassadas e solidifica um imaginário colonizado. Mas são muitos os "Nordestes" que se reinventam e se firmam como possibilidades de reconstrução, afinação e reorganização dessas centralidades. Pensar o centro hoje é, principalmente, subverter a ordem e observá-lo a partir das beiradas.

Dentro de um mesmo território ecoam diferentes posições, contraposições e reposicionamentos; o corpo, como um agente importante dessas transformações, reorganiza diferentes paisagens por meio dos deslocamentos, das diásporas internas e do desejo. A dialética entre o Corpo e o Território também é atravessada por questões políticas, sociais e culturais, que, a partir do lugar da subjetivação, reorganizam, fabulam e ficcionalizam outras composições desse mesmo território.

As beiras, as margens, as bordas, as extremidades se reconfiguram como importantes centros, que elaboram novas perspectivas sobre o Nordeste brasileiro – outras paisagens, outras maneiras de observar um mesmo ponto, de acessar as memórias, a ancestralidade e os mestres e mestras da cultura popular. Estão também na linguagem e na oralidade importantes mecanismos de ativação desses distintos territórios. 

A curadoria desta edição evidencia um recorte de artistas que possuem a margem como centro, seja numa perspectiva geográfica ou poética.

Bitu Cassundé

Curador

 

Sobre o curador:

Bitu Cassundé (Várzea Alegre, CE, 1974)

É Gerente de Patrimônio e Memória do Centro Cultural do Cariri (Crato, CE), foi curador do Museu de Arte Contemporânea do Ceará de 2013 a 2020 e coordenou o Laboratório de Artes Visuais do Porto Iracema da Artes de 2013 a 2018. Também integrou a equipe curatorial do projeto À Nordeste, no SESC 24 de Maio, em São Paulo (2019), juntamente com Clarissa Diniz e Marcelo Campos; participou da equipe curatorial do Programa Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural de São Paulo (2008 a 2010); e dirigiu o Museu Murillo La Greca, em Recife (2009 a 2011). Em 2015, participou da 5ª edição do Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça, da equipe curatorial do 19º Festival Videobrasil e do Projeto Arte Pará. Com Clarissa Diniz, formou a coleção contemporânea do Centro Cultural Banco do Nordeste, vinculado ao projeto Metrô de Superfície. Em 2022, foi curador da exposição Antonio Bandeira: Amar se Aprende Amando, na Pinacoteca do Estado do Ceará. Suas últimas pesquisas se dedicam a investigar as relações de trânsito entre as regiões Norte e Nordeste do Brasil, com ênfase nos ciclos econômicos, nos fluxos migratórios e nas conexões entre vida, desejo e arte. Questões relacionadas à subjetividade, confissão, intimidade e biografia também integram suas pesquisas. Atualmente, desenvolve pesquisa de doutorado em Artes na UFPA e vive entre Crato e Belém.

 

Assista ao mini doc do LING apresenta: Gê Viana

 

Explore os recursos de acessibilidade do Projeto Ling Apresenta: Gê Viana. Ao final da intervenção artística, a artista e curador Bitu Cassundé se reuniram para conversar sobre o processo de criação da obra-parede. Ela foi registrada em vídeo e conta com audiodescrição dos participantes e da intervenção, interpretação em Libras e legendas em português.

Essas medidas garantem uma experiência inclusiva para todos os interessados, reforçando nosso compromisso com a acessibilidade e enriquecimento cultural.

Assista a conversa com o artista e o curador do LING apresenta, com acessibilidade:

 


ficha técnica da exposição

  • Artista

    Gê Viana

  • Curador

    Bitu Cassundé

  • Identidade Visual

    Adriana Tazima

  • Produção Executiva

    Laura Cogo

  • Programa Educativo

    Gisele Marteganha


Sobre a Artista

Gê Viana
Crédito: Marcio Vasconcelos

Formada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Gê Viana Vive e trabalha em São Luis (MA), e cria no trânsito entre o quintal de casa e as ruas. Suas práticas de colagem digital e manual com a inserção da pintura partem de pesquisas com imagens de arquivos e a memória oral de sua família. Num confronto entre a cultura colonizadora hegemônica e seus sistemas de arte e comunicação, pensa num modo de criar com a história de seu povo Anapuru o cotidiano Afro-diaspórico e Indígena do território maranhense para trazer outras narrativas, inventários que trabalhem possibilidades mais felizes e dignas, pois sente que a felicidade dessas populações sempre esteve em risco. No ato de fotografar a vida, assume retratos revelados pela técnica do Lambe-Lambe. Os suportes, em sua maioria, são materiais específicos para cada série e são entendidos como um campo político. Entende o devolver seus trabalhos para “a rua” como um tipo de formação social, estética/pedagógica, pois se trata de uma pesquisa viva; sua intenção é que suas obras floresçam num acompanhamento de iniciação pela identidade ancestral.