A paixão por política e gestão impulsiona a carreira do jornalista Paulo Celso Pereira
Desde cedo Paulo Celso Pereira já sonhava em cobrir noticiário de Política. Formado em Jornalismo na PUC-Rio, começou a trabalhar em diversos veículos renomados a partir de 2004, chegando a ser repórter no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto. Em 2013, como bolsista do Instituto Ling, participou da imersão Global Competitiveness Leadership Program em Washington. Ali desenvolveu ainda mais suas características de gestão. Desde 2020, deixou Brasília e voltou à terra natal para a função de editor executivo do Globo e do Extra.
A primeira lembrança envolvendo política vem de criança: em 1989, quando tinha 6 anos, recorda de seu pai explicando fatos e personagens do cenário político nas eleições. Uma década depois, um documentário no Globo Repórter mostrando uma viagem pela Ferrovia Transiberiana o deixou fascinado pelo mundo da Comunicação. “É isso que quero, contar histórias e mostrar as várias realidades diferentes do mundo”, pensou o garoto. Na hora de marcar o X nas opções do vestibular, chegou a flertar com Direito, Economia e até Arquitetura, mas o Jornalismo prevaleceu.
– Sempre foi grande a quantidade de assuntos que me interessava, não só política e economia, mas também cultura, futebol… Tento me aprofundar nas coisas das quais gosto, desde pequeno sou assim – conta Paulo, entre uma reunião e outra no Rio, onde coloca diariamente em prática o know how sobre áreas distintas.
Aliás, agregar novos conhecimentos foi justamente o que motivou a participação no reconhecido GCLP (Global Competitiveness Leadership Program) da Georgetown University em 2013. O programa era um dos disponíveis para os selecionados da bolsa Jornalista de Visão, reconhecimento do Instituto Ling a jornalistas promissores. A oportunidade possibilitou a realização do sonho de estudar fora, morando em Washington por quatro meses. Ainda por cima, a sorte de chegar à capital americana às vésperas da segunda posse de Barack Obama como presidente, momento histórico para acompanhar no centro dos acontecimentos.
– Georgetown é uma universidade muito reconhecida na área de política e relações internacionais. Está entre as melhores dos EUA e, consequentemente, do mundo. Por ser um programa multidisciplinar e com muito conteúdo da América Latina, proporciona uma evolução na reflexão política dos participantes. Percebi o quanto minha cabeça mudou nesse período. Trouxe uma visão de mundo mais complexa – relata Paulo.
Um dos pontos destacados é o aprendizado também de ferramentas de gestão. Em geral, jornalistas não recebem essa formação ao longo da carreira, mesmo gerenciando pequenas ou grandes equipes em veículos, independentemente do cargo ocupado. Este é um dos grandes déficits da área, na opinião de Paulo, que teve a oportunidade de preencher esse gap relativo à gestão de pessoas - e colocar o aprendizado em prática logo ao retornar do curso.
– Em uma semana com uma única professora da área de Recursos Humanos, aprendi mais sobre o assunto do que em toda a vida – compara. – Eu tinha muita clareza que em algum momento da minha trajetória profissional iria migrar para a edição. Era algo que sempre me interessou.
A carreira de repórter havia começado em 2004 no Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro, e seguiu no jornal O Dia, também no Rio, até 2007. Depois, a mudança para Brasília, o coração da política brasileira, para ser correspondente d’O Dia.
– Sabia que um dia iria me mudar para lá, sou um carioca que sonhava com a Capital Federal desde os 16 anos – conta.
Paulo havia participado do Curso Abril de Jornalismo, que rendeu um convite para trabalhar na revista Veja, primeiro com o colunista Lauro Jardim e depois como repórter de política também em Brasília. Em 2012, entrou como repórter no jornal O Globo, cobrindo diariamente as pautas no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto.
– O Congresso é meu lugar no mundo. Adorava passar o dia inteiro lá. Aliás, passando um dia lá você tem mais clareza do que está acontecendo neste país do que em três meses acompanhando à distância.
De repórter, Paulo passou a coordenador de Política, permanecendo por quatro anos, e depois a diretor da Sucursal de Brasília, ficando até 2019. Deste período tão importante, destaca que ter um cargo de chefia no Jornalismo é como ser o maestro de uma orquestra. Precisa saber tocar um pouco de tudo, sem ser o maior especialista na execução nas pontas, mas sendo capaz de impulsionar cada pessoa a entregar o seu melhor resultado.
O capítulo de vida de 12 anos no total em Brasília terminou alguns meses antes do início da pandemia, quando Paulo voltou ao Rio como interino e depois em definitivo na posição que está até hoje, editor-executivo de O Globo e Extra. Seu dia a dia é coordenar a produção do conteúdo online e impresso dos dois jornais diários, dando a largada na produção a cada manhã com os editores das diferentes áreas, alinhando as apostas do dia.
O atual cenário do jornalismo brasileiro e suas formas de financiamento é um tema que motiva uma troca de ideias em profundidade e com muito embasamento. Tendo acompanhado as mudanças aceleradas no mercado nos últimos anos, Paulo se desdobra junto com as equipes para contribuir com estratégias para engajar os leitores oferecendo um jornalismo de qualidade.
Em O Globo, por exemplo, o volume de textos chega à soma de centenas por dia, com opinião de quem acompanha o cenário especializado, assinado pelos maiores nomes que entendem de cada área. O jornal é um dos veículos que adota o paywall, sistema de assinatura que permite acesso a conteúdos exclusivos. Usando uma analogia que combina com o estilo de vida carioca, Paulo costuma “brincar” com os amigos dizendo que basta abrir mão de dois chopes em um boteco para pagar um mês de noticiário livre e completo.
– Todos os veículos enfrentam um desafio de monetização com as novas plataformas. E sabemos que o jornalismo de qualidade tem um custo: não existe jornalismo sem receita. Tenho certeza absoluta de que a segurança econômica de um veículo está diretamente associada à sua independência. Se nós queremos um jornalismo independente, então nós enquanto sociedade temos que tomar as decisões necessárias para viabilizar isso – conclui.