Uma associação para fortalecer a comunidade brasileira de Harvard

A HBASS, sigla para Harvard Brazilian Association of Students & Scholars, surgiu em 2021 como uma solução para unir os brasileiros das diferentes escolas que formam a universidade norte-americana. Seu atual co-presidente, Vinicius Bueno, conta aqui sobre o trabalho da associação, que teve entre os fundadores dois alunos que, como ele, receberam bolsa do Instituto Ling para seus mestrados.  Ele fala ainda da vivência como aluno de Harvard e dá dicas para quem quer cursar uma das prestigiadas instituições de ensino do mundo.

Uma associação para fortalecer a comunidade brasileira de Harvard

A história da HBASS começou em 2020 quando outro bolsista do Instituto Ling, Bruno Bueno, à época aluno do MPA (Mestrado em Administração Pública), teve a ideia de criar uma associação para conectar alunos, professores e pesquisadores brasileiros de Harvard. Como ele descreve no perfil da HBASS no Instagram: “Até então, havia algumas associações de brasileiros espalhadas pelas diferentes escolas de Harvard, mas a falta de conexão entre elas era evidente.” A partir de fevereiro de 2021, quando o Provost (o equivalente ao reitor nas universidades brasileiras) formalizou a criação da entidade, a HBASS passou a funcionar de fato.

Bruno foi o presidente na primeira gestão, que teve também a participação de sua colega de curso e cofundadora Izabella Rozino, também bolsista do Instituto Ling. A HBASS é liderada por alunos que compõem o Board Executivo da associação. Para apoiar esses alunos, há o Advisory Board (Conselho), onde, além do Instituto Ling, participam a Fundação Lemann, Fundação Estudar, Harvard Brazilian Alumni, e David Rockerfeller Center for Latin American Studies.

Para compreender melhor a proposta da HBASS, primeiro é preciso conhecer a complexidade de Harvard. Fundada em 1636, a universidade localizada em Cambridge, no estado de Massachussetts, é composta pelo college (graduação), cursos de pós-graduação e profissionalizantes e o instituto interdisciplinar, totalizando 14 escolas (entre elas Direito, Administração, Medicina). Atualmente, mais de 25 mil alunos e quase 20 mil colaboradores (entre docentes e staff) circulam pelo seu campus. Contando alunos, pesquisadores e visitantes, aproximadamente 230 são brasileiros – entre eles, Vinicius Bueno, hoje com 29 anos e que chegou em Harvard em 2022.

Aluno do 2º ano do Mestrado em Administração Pública em Desenvolvimento Internacional (MPA/ID) na Kennedy School, a escola de governo de Harvard, chamada de HKS no jargão da universidade, Vinicius envolveu-se com a HBASS desde o início do curso.

 

“Durante a gestão passada, atuei como um dos representantes da HBASS na HKS, e contribuí na colaboração entre a associação e o Brasil on Campus, programa da Fundação Lemann para potencializar a experiência de brasileiros que estão estudando nas principais universidades do mundo, em que atuei como coordenador no ano letivo anterior. No ano seguinte, Isabela Reis e eu nos inscrevemos para atuarmos como Presidentes da HBASS e, em conversa com a gestão anterior, decidimos compartilhar a liderança da organização como Co-presidentes neste ano letivo de 2023-24 (nos Estados Unidos, o ano letivo inicia em setembro e termina em maio ou junho do ano seguinte).”

Vinicius conta que a entidade tem 4 áreas de atuação: Eventos e Comunidade, Diversidade e Inclusão, Desenvolvimento e Comunicação. A área de Eventos e Comunidade realiza eventos para conectar estudantes de diferentes escolas de Harvard – das 14 escolas da universidade, 13 estão representadas na HBASS. Faz ainda conversas com autoridades e pessoas que são referências em diversos temas (como educação, política e desenvolvimento econômico).

Diversidade e Inclusão promove eventos para incentivar mais brasileiros a estudarem em Harvard e aumentar a diversidade da comunidade brasileira na universidade, e é responsável pela gestão do programa de mentoria, que oferece apoio personalizado para o processo de application em Harvard. Desenvolvimento é uma área nova, que foi criada para oferecer um apoio mais intensivo ao desenvolvimento pessoal e profissional de brasileiros em Harvard, por exemplo realizando formações de liderança. Por fim, a Comunicação busca compartilhar as ações da HBASS por meio das redes sociais, e neste ano está com uma iniciativa para contar sobre a vida de brasileiros na universidade.

Um programa que Vinícius destaca é o da mentoria, que tem como um dos objetivos fazer com que a comunidade brasileira de Harvard seja mais representativa do país em termos raciais, de renda, regionais e de gênero. Nesse sentido, esses fatores são considerados no processo seletivo da mentoria, por exemplo buscando trazer mais negros e pardos já que essa parcela da população do Brasil é subrepresentada na universidade.

Após passarem por um processo seletivo, as pessoas selecionadas recebem um atendimento personalizado, com sessões voltadas a apoiar pessoas que pretendem aplicar naquele ano em todos os elementos da application, em especial na escrita das essays, currículo e reflexão sobre como organizar o processo de solicitação das cartas de recomendação.

Uma vida dedicada ao Impacto Social

Não é à toa que o olho de Vinicius brilha quando fala dessa iniciativa pela inclusão e representatividade. Ele que se formou em Administração Pública na FGV e em Economia na USP, sempre teve o fascínio por entender o que pode ser feito para promover desenvolvimento dos países, gerando oportunidades para que as pessoas alcancem todo o seu potencial.

“Associado ao meu propósito de construir um Brasil em que todas as pessoas tenham oportunidades para sonhar e alcançar seus sonhos, dediquei toda minha carreira a impacto social, em especial a políticas educacionais de larga escala - na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, no Ministério da Educação do Brasil e na Fundação Lemann. Na Secretaria de Educação de São Paulo, conta Vinicius, liderei o "Gestão da Aprendizagem", projeto prioritário cujo objetivo era melhorar o aprendizado dos quase 3,5 milhões de estudantes no estado, período em que tive o desafio à frente das ações de recomposição da aprendizagem durante a pandemia. Como reconhecimento ao meu trabalho na SEDUC-SP, fui selecionado para o Prêmio Valuable Young Leaders 2021, voltado a jovens intraempreendedores”, conta.

Antes disso, Vinicius trabalhou no Comitê Nacional Democrata, em Washington, D.C.; no GPP Lab (laboratório de gestão de políticas públicas que promove eventos e pesquisas sobre como tornar o Estado mais eficiente, efetivo e inovador); e na Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo.

Atualmente, ele concilia as aulas do MPA/ID e os compromissos como co-presidente da HBASS com outras duas atividades: course assistant (assistente) do curso “Applications and Cases in International Development” e assistente de pesquisa em projeto para recomposição da aprendizagem dos estudantes da Secretaria Municipal de Recife.

O privilégio de estudar em Harvard

Vinícius conta que frequentar o mestrado em Harvard tem sido uma experiência verdadeiramente sensacional por vários motivos. Primeiramente, pelo privilégio de conhecer e conviver com pessoas provenientes de todas as partes do mundo, com trajetórias de vida completamente diferentes. Por exemplo, no MPA/ID, há cerca de 90 estudantes de 30 países distintos, o que possibilita trocas de ideias absolutamente enriquecedoras. Em segundo lugar, a qualidade das aulas é excepcional, pois existe a chance de aprender com especialistas renomados em diversas áreas.

Além disso, estão disponíveis inúmeras atividades extracurriculares para diversificar ainda mais a experiência, como grupos de estudo e eventos com lideranças influentes de diversos países. Por fim, também é possível realizar trabalhos em meio período com os professores da universidade, seja como assistente de ensino em cursos ou como auxiliar de pesquisa. Isso proporciona a oportunidade de mergulhar ainda mais em temas e ampliar o conhecimento.

Para encerrar, Vinícius deixou algumas dicas para quem pretende investir em mestrado em Harvard: “a primeira dica que eu daria é acreditar na própria capacidade e nas possibilidades de obter bolsas em universidades de referência no mundo todo. Embora o processo seja longo e desafiador, a aprovação é mais viável do que a maioria de nós imagina. A partir disso, o próximo passo é definir quais cursos e universidades você deseja se candidatar.

Nesse momento, é crucial refletir sobre seu propósito, o que você pretende fazer no futuro, e buscar oportunidades que estejam alinhadas com a trajetória que você deseja construir. Com isso claro em mente, é importante elaborar um cronograma reverso, ou seja, definir todas as etapas da candidatura com antecedência para se organizar de maneira eficiente. Sugiro começar pelas provas, como o TOEFL ou IELTS no caso do inglês, e o GMAT ou GRE, focando depois nos outros elementos da candidatura, que geralmente têm um peso maior, como as redações, cartas de recomendação e currículo”.

Fique ligado: A HBASS tem o programa de mentoria, cujas inscrições serão abertas entre fevereiro e março de 2024 - para saber mais, basta seguir o Instagram @harvardbrazil.

1.2.2024