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Bárbara Calixto: marketing com convicção para impulsionar novos negócios

Conquistar a independência financeira antes dos 40 anos é um privilégio para poucos – e a brasiliense Bárbara Calixto chegou lá. Quinze anos após ter iniciado o MBA na Universidade de Michigan, construiu uma carreira na área do marketing em empresas como Target, Microsoft e Cabify. Após coliderar o IPO de uma startup espanhola na Bolsa de NY, decidiu que era hora de propiciar um tempo para si, em um mestrado dedicado à indústria do vinho. Hoje, divide o tempo entre consultoria a startups e a gestão de investimentos, e só trabalha em negócios com os quais se identifica.

Bárbara Calixto: marketing com convicção para impulsionar novos negócios

Quando se candidatou a uma das bolsas do Instituto Ling, em 2009, Bárbara começava a concretizar o desejo acalentado desde a adolescência de conhecer novos lugares e ampliar seu horizonte profissional. Natural de Brasília, uma cidade com enfoque grande no serviço público, desde cedo se sentiu atraída pela iniciativa privada, provavelmente influenciada pela experiência dos pais, pequenos empreendedores. Na hora de escolher a profissão, a opção natural foi Administração de Empresas na Universidade de Brasília. Durante a faculdade, fez estágio no Citibank e, ao término, foi selecionada como trainee da Ambev, onde chegou a gerente de logística e distribuição.

Mesmo tendo bons resultados neste início de carreira, ainda não estava satisfeita. Na época da faculdade, um tio havia mostrado a ela uma matéria de revista que falava sobre mestrado no exterior, plantando a sementinha da ideia do MBA. E se, para procurar um bom curso, seria necessário mudar de cidade, por que não mudar de país?

“Infelizmente, quando eu era mais jovem, não pude estudar fora ou fazer um intercâmbio, pois meus pais, que sempre tiveram pequenos negócios, enfrentaram dificuldades e não tinham condições de arcar com os custos. No entanto, eu era fluente em inglês e tinha habilidades linguísticas. Então, decidi ir atrás por conta própria. Isso demandou uma grande preparação, especialmente considerando que nessa época eu estava trabalhando na Ambev”, lembra.

Carta de aceitação da Universidade de Michigan na mão, aos 25 anos Bárbara partiu para o MBA. Ao final do curso, optou por seguir nos Estados Unidos. Recebeu oferta da Ambev, mas preferiu a Target, sua primeira experiência de varejo. “Saí da área de logística, onde estava na Ambev, para uma área mais generalista, relacionada ao negócio. E foi dessa mudança que surgiu uma oportunidade incrível de trabalhar na Microsoft”, conta. Na época, estava casada com um norte-americano, de quem se separou após cinco anos.

Após o divórcio, Bárbara começou a se questionar sobre permanecer morando nos Estados Unidos. A perspectiva de carreira também não a animava: embora tivesse cargo de direção, sentia-se apenas mais uma gestora entre os milhares da Microsoft (que já contava com 100 mil colaboradores).

Foi quando surgiu a oportunidade de trabalhar na Espanha, na startup Cabify. Hoje o aplicativo de transporte individual é conhecido no mundo todo, mas em 2017, mesmo já sendo uma startup grande, com 1.000 colaboradores, era muito menor do que a Microsoft. Bárbara assumiu como Global VP de Marketing, deixando de ser apenas mais uma diretora entre vários para se tornar a executiva mais sênior da área, responsável pela gestão de mais de 60 profissionais e com envolvimento direto nas operações da companhia.

Se a mudança para a Espanha trouxe indiscutíveis vantagens na carreira, também foi a primeira vez que Bárbara sentiu o impacto da desigualdade de gênero. Ela conta que na Ambev não havia tido problemas, mesmo trabalhando na área de logística e em centros de distribuição, onde a proporção chegava a ser de uma mulher para cada 100 homens. Nos Estados, Unidos, ser estrangeira e mulher não atrapalhou, sempre contou com líderes que sempre acreditaram em seu potencial. Mas a partir da chegada na Cabify, mesmo com uma posição “C-level”, várias vezes a condição de mulher gerava desconfiança em sua capacidade.

Isso se repetiu quando mudou de emprego. A partir de 2019, esteve à frente do processo de IPO em Nova Iorque da Wallbox, startup que oferece soluções para carros elétricos, à época com 160 funcionários. Bárbara conta que foi responsável pela estruturação da equipe de marketing e que, no IPO, era responsável por toda a comunicação do processo. Em algumas vezes, sentiu que os parceiros duvidavam de seus pontos de vista, indo buscar uma segunda opinião – e que praticamente sempre coincidia com o que ela já havia dito.

“Eram pessoas ainda ‘old school’, não acostumados a ver uma mulher jovem no comando de uma operação deste tipo”, comenta. “A verdade é que as mulheres precisaram trabalhar em dobro para conseguir metade do reconhecimento que os homens recebem”.

Mesmo com essas questões, o IPO foi uma experiência intensa e bem-sucedida. Mas Bárbara sentiu que era hora de se dedicar a outros interesses.

 

O mundo do vinho

E a opção foi por um inusitado mestrado em Wine Management (Gestão de Vinhos), uma parceria da Universidade de Montepelier na França com a OIV – International Organization of Vine and Wine. Não é um mestrado tradicional, pois tem formato itinerante.

Durante 11 meses de 2023, ao lado de mais quatro alunos, embarcou em uma jornada de aprendizado que a levou a visitar 25 regiões vinícolas do mundo, incluindo as cidades de Bento Gonçalves e Pinto Bandeira, na Serra Gaúcha.

“A trajetória que envolve o vinho foi uma forma simbólica de expressar algo para mim. Completei 40 anos no ano passado e pensei: já tive uma carreira muito intensa até aqui, foram 20 anos. Enquanto cursava a faculdade, trabalhava o dia inteiro. Saí da faculdade e me juntei à equipe de treinamento da Ambev. Do treinamento, parti para fazer o MBA. E desde então, nunca parei de trabalhar. Então, achei que estava na hora de fazer uma pausa. Apesar de ter sido um mestrado, considero-o muito mais como um projeto pessoal do que profissional. Quase como um ano sabático, se é que posso dizer assim. Mas foi uma experiência intensa demais para ser apenas um ano de descanso”, relembra.

 

Marketing por convicção

Passado este ano não tão sabático assim, Bárbara voltou ao trabalho, mas de forma autônoma. Morando em Barcelona e casada novamente (por coincidência, também com um norte-americano) divide sua atuação profissional em consultoria para startup e a administração de uma carteira de investimentos.

A condição financeira conquistada permite que se dedique unicamente a projetos em que acredita. É o que ela chama de “marketing por convicção”: trabalha apenas para empresas que conhece como consumidora ou que chamem sua atenção pessoal, excluindo clientes de indústrias das quais não é consumidora, como, por exemplo, televisão e videogames. E adota o mesmo critério para os investimentos, onde conta com uma carteira diversificada em startups e projetos na área imobiliária, um setor que acredita ter potencial para novos modelos de negócios impulsionados pelas perspectivas e projetos de vida das gerações mais jovens.

Bárbara também faz parte da Founders Pledge, uma comunidade global de empreendedores dedicados a encontrar e financiar soluções para os problemas mais urgentes do mundo. Ao aderir, cada membro compromete-se a doar uma parte de seus recursos para a filantropia. Ela ainda está na fase de identificação dos projetos, mas pediu que sejam no Brasil e que tenham impacto em duas áreas: educação e bem-estar e desenvolvimento da mulher.

E a fórmula para a independência financeira, existe? Bárbara atribui a sua à carreira bem-sucedida, fruto de muito trabalho duro, e à parcimônia nos gastos e hábitos. Diz que gosta de conforto, mas não se sente atraída por produtos de luxo. O importante é que a pessoa tenha uma abordagem criteriosa com relação a dinheiro e investimentos, alinhando-os com seus próprios valores pessoais e expectativas futuras.

1.3.2024

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