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COM INOVAÇÃO E TECNOLOGIA, MARCO TÚLIO PIRES CONTRIBUI PARA O PAPEL SOCIAL DO JORNALISMO

Quando deixou a Engenharia para iniciar Comunicação, Marco Túlio Pires não sabia que anos depois estaria unindo as habilidades em Exatas e Humanas no dia a dia. Após a transformadora experiência no programa de lideranças em Georgetown, passou a usar interseção entre ciência da computação, design e jornalismo em novos projetos, como na rede global Escola de Dados. Hoje como coordenador do Google News Lab no Brasil, contribui para que outros jornalistas também tenham mais oportunidades de treinamento e inovação.

COM INOVAÇÃO E TECNOLOGIA, MARCO TÚLIO PIRES CONTRIBUI PARA O PAPEL SOCIAL DO JORNALISMO

A ida para a Business School na Georgetown University no Global Competitiveness Leadership Program em 2012 foi possível graças ao programa Jornalista de Visão. Indicado pelo colega de profissão Alexandre Gonçalves, que havia participado da primeira edição, Marco viajou para Washington na segunda turma de contemplados com a bolsa. E não é apenas “modo de dizer” citar que a experiência foi transformadora. Ao narrar sua trajetória, fica claro o quanto a imersão proporcionou uma visão de mundo ainda mais ampla.

– Há momentos da vida que a gente identifica como divisores de água. E este é um deles – conta o jornalista, 39 anos completados em março. – Foi uma experiência extremamente profunda e modificadora.

Marco compartilha o principal insight que teve durante o programa e que segue à risca até hoje: passar a trabalhar somente com projetos pelos quais esteja completamente apaixonado. Na prática, inverteu a lógica de ir atrás de cargos e empresas com alto status no mercado, e focou em oportunidades de carreira onde pudesse entregar energia contribuindo para o coletivo.

 

Das Exatas para as Humanas e as primeiras pautas

A jornada até a atual fase bem sucedida da vida profissional teve outros momentos-chave. Aos 16 anos, um semestre antes de finalizar o Ensino Médio em Belo Horizonte, o jovem prestou vestibular para Ciências da Computação e passou, mas não foi permitido se matricular antes de concluir o colégio. Quando chegou a hora para valer, a escolha recaiu para Engenharia Elétrica. Não demorou para perceber que aquela faculdade também não combinava tanto com seu perfil curioso e comunicativo. Hora de voltar a prestar vestibular, dessa vez para Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), frequentado de 2005 a 2009.

– Na época parecia uma péssima troca (risos), mas anos depois percebi que foi uma decisão muito acertada. E a combinação das duas áreas de estudo acabou sendo promissora. Era o jornalismo de dados surgindo, havia pouca gente com capacitação no assunto e eu tinha esse interesse, que usei como vantagem competitiva – detalha Marco.

Surgiu a oportunidade para o primeiro trabalho em imprensa, um estágio na TV Globo mineira. E estagiários, como sempre, acabam fazendo de tudo: telejornalismo, noticiário esportivo e até plantões como câmera escondida, parte da produção investigativa da emissora para expor histórias de diferentes atividades ilegais.

De lá, saiu para o Curso Abril de Jornalismo, responsável pela mudança para São Paulo e pelo convite para ser repórter de ciência/saúde para a revista Veja. O conhecimento adquirido enquanto ainda era “foca” (jargão para jornalista novato) é outro divisor de águas na trajetória.

– O jornalismo científico é uma das melhores oportunidades para aprender: é preciso ler muito e entender temas distintos, de biologia a astronomia, de física a antropologia, e ainda estar atualizado conversando com pesquisadores dedicados a olhar para o avanço da humanidade em todas essas áreas – explica.

 

Pés no mundo, coração na comunidade local

Os anos de 2012 e 2013 foram intensos, passando por uma experiência como associado-fellow no Knight-Wallace Fellowship na University of Michigan e depois no Global Competitiveness Leadership da Georgetown. O paper de encerramento do curso, aliás, rendeu frutos na volta ao Brasil. O grupo de Marco criou um projeto para o setor público: um trabalho de monitoramento em tempo real de infraestrutura das cidades, onde qualquer cidadão pudesse usar uma plataforma de tecnologia para reportar problemas à prefeitura. Na plateia deste dia da apresentação, uma conexão com o novo secretário de desenvolvimento social de São Paulo motivou o convite para atuar na área.

– Pude conhecer na prática como é estar do lado de lá. Entender o setor público, os processos, a tomada de decisão, tudo que a gente não sabe estando aqui fora. Costumo dizer que é um milagre o Brasil funcionar (risos), é um caos que tem pessoas maravilhosas e capacitadas envolvidas, mas também muita ineficiência – conta.

Na mesma época em que atuou no governo costurando soluções com tecnologia e inovação para questões sociais, Marco também se envolveu com o desenvolvimento da rede School of Data no Brasil e no mundo. Este é um programa que capacita usuários com ferramentas e conhecimento para entender dados. Fundada pela organização britânica Open Knowledge Foundation, a versão brasileira foi batizada de Escola de Dados. Após um período de voluntariado, Marco passou a responder como diretor global, gerenciando o programa de fellowships da instituição sem fins lucrativos.

– Este movimento também se originou do Jornalista de Visão, pois fiquei motivado a contribuir de volta para a sociedade a partir da oportunidade que recebi – conta.

Naquele período, o jornalismo de dados ainda não se estruturava em uma comunidade forte e organizada como agora. A pioneira Escola de Dados, em atividade até hoje e com muitos cursos abertos à população, forneceu capacidade técnica para levar a muitos veículos de mídia este conhecimento estatístico, de análise de dados e visualização pra elevar a qualidade da imprensa brasileira.

– A gente não conhece aquilo que a gente não consegue medir. Vimos em outros países uma importante mudança acontecer, inclusive: uma correlação direta entre a capacitação em dados para jornalistas e uma melhora perceptível da qualidade das matérias publicadas, tanto do ponto de vista de sofisticação quanto do tipo de história que pode ser publicada – analisa.

Também na mesma época, junto a outros colegas jornalistas de dados, Marco foi um dos fundadores da J++ São Paulo, a primeira agência de jornalismo de dados do Brasil, ainda hoje atuante, com sete escritórios em diferentes países.

 

Contribuindo para o ecossistema jornalístico brasileiro

O capítulo “Google” começa na vida de Marco entre 2016 e 2017, quando a empresa lança o chamado Google News Lab. Após ter equipes montadas nos Estados Unidos e na Europa, chegou a hora de investir no Brasil. A missão do news lab (que poderia ser traduzido como “laboratório de notícias”) é colaborar com jornalistas e empresários para ajudar a construir o futuro da mídia. Durante todo o processo de seleção, que incluiu viagens e mais de 10 entrevistas, Marco mantinha sua própria missão em mente.

– Isso vai ser bom pra mim? Vou poder dedicar minha energia a este projeto? Vou sentir que estou contribuindo? Vai ser uma boa utilização do meu tempo? E conforme fui entendendo que sim, vendo a capacidade de impacto muito grande do Google, atingindo bilhões de pessoas, fui me apaixonando pela vaga – recorda Marco, há 6 anos na posição de líder da equipe no Brasil.

O Google News Lab oferece parcerias, programas e treinamentos, fomentando a inovação na mídia e contribuindo para ajudar o Jornalismo a prosperar na era digital. É com brilho nos olhos que Marco descreve seu orgulho em participar de tantos projetos de impacto.

– A sociedade precisa do jornalismo para ter uma democracia funcional. É uma honra e um privilégio poder contribuir com o ecossistema jornalístico brasileiro a partir de uma empresa de tecnologia com os recursos e a escala que o Google tem – conclui.

31.03.2023

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