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Dois bolsistas e uma causa: origens diferentes, unidos pela defesa do liberalismo

Um é paulista, outro é gaúcho; o primeiro é advogado, com mestrado no exterior; o segundo cursa administração de empresas na UFRGS e atua como gestor de uma ONG. Em comum, Carlo Rocha e Nycollas Sutil Liberato receberam bolsa do Instituto Ling em idades e momentos diferentes de suas vidas. Mas o que realmente os aproxima é sua atuação no Students for Liberty Brasil (SFLB), a maior organização de libertários do mundo. Atualmente, Carlo é presidente do conselho enquanto Nycollas ocupa o cargo de Diretor Executivo da entidade.

Dois bolsistas e uma causa: origens diferentes, unidos pela defesa do liberalismo

De cofundador a conselheiro

Gostar de debater sempre foi uma característica do paulistano Carlo Sivieri de Assis Rocha, 39 anos, o que levava a família a afirmar que seria advogado. Ele, porém, não tinha tanta certeza: o único nesta profissão na família fora o avô paterno, que ele não chegou a conhecer, e sua preferência era pela área de exatas.

A fase da escolha da profissão coincidiu com um momento difícil para a família de Carlo. A empresa de seu pai faliu e ele deixou o tradicional colégio Dante Alighieri, em São Paulo, para uma escola pública. Ao final do ensino médio, decidiu-se mesmo pelo Direito.  “Apesar de minha paixão pela Física, minha família sempre me viu como um futuro advogado, e acabei abraçando essa ideia”, conta. Aprovado no vestibular, ingressou na PUC-SP em 2004 e já no primeiro ano gostou do curso, que trazia discussões sobre filosofia e política. Foi nos últimos anos de faculdade, a partir de 2008, que Carlo começou a se interessar pelas ideias liberais e se tornou frequentador de eventos de discussão do chamado movimento liberal, entre eles o Fórum da Liberdade em Porto Alegre e Ordem Livre. E justamente em um encontro do Ordem Livre, em 2012, surgiu a ideia de criar no Brasil uma associação similar à Students for Liberty, fundada quatro anos antes nos Estados Unidos.

A iniciativa norte-americana surgiu quando um grupo de universitários identificados com o liberalismo decidiu realizar um evento agregando simpatizantes de outros campi. O ano era 2008 e, naquela época, os grupos estudantis libertários estavam dispersos e desconexos, sem um movimento unificado. A primeira conferência do Students For Liberty ocorreu na Universidade de Columbia, planejada inicialmente para 30 alunos, mas superou 100 participantes. Atualmente, é a maior instituição do gênero no mundo e conta com membros de 132 países.

Carlo conta que não estava no evento que inspirou a fundação da SFLB, mas foi do grupo que tornou a ideia realidade. Nesta hora, foi de grande valia sua experiência como especialista em direito societário, disciplina que o atraiu desde o tempo da faculdade (atualmente ele é sócio na área de Direito Societário, Fusões e Aquisições do BMA Advogados, escritório onde trabalha desde que se formou).

No início, não havia vínculo formal entre a entidade brasileira e a global.  “Desde então, estabelecemos parcerias e limites claros sobre nossos relacionamentos com o Students for Liberty e temos trabalhado de perto com eles desde 2013. utilizando sua marca e recebendo suporte financeiro e recursos de back office. A parceria é baseada na nossa autonomia para conduzir atividades e programas, enquanto eles usam nossos números em suas comunicações”, relata. Não por coincidência, foi neste mesmo ano que Carlo residiu em Washington, EUA, cursando o mestrado em direito (LLM) na Universidade de Georgetown, para a qual ganhou bolsa do Instituto Ling. Na época, a sede da Students for Liberty ficava na capital norte-americana. “Tive a oportunidade de conversar bastante com Alexander, fundador e então presidente da organização, o que me proporcionou conexões importantes. Minha experiência no LLM facilitou a compreensão das questões jurídicas dos doadores e a tradução entre diferentes áreas”, conta.

Segundo Carlo, o Brasil se destaca como a maior região do Students for Liberty no mundo devido à agilidade e conexão com as necessidades locais. Mesmo com um território extenso, os números continuam a ser expressivos em comparação com outras regiões.

Carlo já foi integrante do conselho da SFL global, é conselheiro do Instituto de Formação de Líderes de São Paulo e atualmente é o presidente do conselho da SLFB. Seu papel é fazer a interface entre a diretoria e os conselheiros, apoiando o Diretor Executivo nas questões de estratégia e recebendo deles as atualizações. E é aí que entra em cena o trabalho de Nycollas Liberato.

 

Nycollas Sutil Liberato: da origem humilde a gestor do SFL

Embora oito anos mais jovem do que Carlo, Nycollas (31) está vinculado ao Instituto Ling desde a época da escola. Nascido em Porto Alegre, ele conta que cresceu em uma família de recursos limitados, o pai era policial militar e a mãe, técnica em enfermagem. Apesar das dificuldades financeiras, pagaram escola particular e o cursinho de preparação para o Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA). A situação se deteriorou quando os pais se separaram em 2003, e mesmo tendo sido aprovado para o concurso do CMPA no ano seguinte, pagar a taxa da escola ainda impactava no orçamento.

Sendo um ótimo aluno e participante em várias atividades extracurriculares, Nycollas candidatou-se a uma bolsa de estudos oferecida pelo Instituto Ling em parceria com a AACV, o clube de pais e mestres do colégio, e foi aprovado. Como bolsista, recebia livros com temas que não constavam no currículo escolar.

“Minha experiência como bolsista no Instituto Ling foi transformadora, especialmente ao me deparar com leituras que influenciaram minha visão de mundo, em especial ‘A Revolta do Atlas’.”, lembra. No clássico da autora Ayn Rand, Nycollas identificou valores que sua mãe sempre havia compartilhado durante sua infância e adolescência. Ele lembra de um episódio em especial quando, ainda no colégio anterior, reclamou para a mãe que um colega havia feito uma piada racista. “A resposta dela foi que eu tinha duas opções. Ou me conformava e seguia uma vida de dificuldades, ou me esforçava em dobro para mudar minha história e provar que a cor da pele não seria um determinante em minha vida. Eu segui por este segundo caminho, baseado na ideia do ‘self made man’ de Ayn Rand, assumindo a responsabilidade pelo meu próprio futuro”, orgulha-se.

Ao terminar o colégio, lamentava não ter onde compartilhar conteúdos sobre liberalismo com pessoas de sua faixa etária, até que, em 2013, conheceu o Instituto Atlantos, um grupo de pessoas que falavam sobre as mesmas ideias que haviam conquistado Nycollas. Empolgado, tornou-se o primeiro voluntário coordenador do Atlantos e participou de outras iniciativas, como o movimento suprapartidário Livres. Foi nesse período que se aproximou da Students for Liberty Brasil.

Em 2018, Nycollas participou do processo seletivo e se tornou associado do SFLB, vindo a ser gerente nos anos de 2019 e 2020 e, em 2021, diretor executivo, cargo que exerce até hoje. Entre suas atribuições estão a representação institucional, gerenciamento dos projetos e atividades e acompanhamento do planejamento estratégico. Ele coordena uma equipe de oito profissionais remunerados, e um grupo de coordenadores voluntários que chega a 1.000 pessoas por ano, com idades entre 17 e 30 anos, que ingressam no SFLB através de processo seletivo e são responsáveis por liderar as iniciativas em suas regiões.

Nycollas conta que seu sonho é construir uma carreira de destaque no movimento liberal, tanto dentro do Students for Liberty quanto em outras organizações. Como voluntário, já atuou em conselhos de entidades e hoje está auxiliando um projeto que nasceu dentro do SFLB, o Raízes da Liberdade, que, via preceitos liberais, busca dar títulos de regularização fundiária a milhares de famílias no Brasil inteiro. “Meus objetivos profissionais estão intrinsecamente ligados à minha missão de vida, que é disseminar os valores da liberdade no Brasil e no mundo. Pretendo ampliar cada vez mais a influência do Students for Liberty, tanto a nível nacional quanto internacional, tornando a organização uma figura proeminente na sociedade e nos debates públicos. Almejo também aprimorar minhas habilidades de gestão para ser um líder mais eficaz, tanto para minha equipe atual quanto para as futuras oportunidades que surgirem em minha carreira”, enfatiza.

Juntos pela SFLB

Maior regional da SFL global, o Students For Liberty Brasil tem como missão educar os jovens sobre os princípios da liberdade e capacitar aqueles que já abraçam essa causa. Isso é feito através da oferta de uma educação fundamental sobre o significado da liberdade e os valores do liberalismo clássico. Além disso, a instituição tem foco no desenvolvimento das habilidades de liderança dos voluntários, para que se tornem líderes mais eficazes e capazes de gerar mudanças concretas. O principal objetivo é capacitar os estudantes a contribuir para a construção de um mundo mais livre, fornecendo recursos, treinamento e suporte para que possam avançar na defesa da liberdade em três dimensões: econômica, individual e acadêmica.

Mesmo sendo bolsistas do Instituto Ling, Nycollas e Carlo Rocha somente se conheceram quando o primeiro ainda era voluntário e Carlo já era conselheiro da Students for Liberty. Agora nos papéis, respectivamente, de diretor executivo e presidente do conselho de administração, eles reúnem-se com frequência para fazer a interface entre conselho e diretoria.  A união do talento desses dois idealistas tem ajudado a SFLB a crescer rapidamente e ganhar relevância, contribuindo para o debate nacional de temas como direito a moradia, separação entre os Poderes, entre outras questões adjacentes à causa da liberdade.

28.6.2024

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