Rede de solidariedade | Veja as ações dos bolsistas do Instituto Ling

Diante do cenário devastador que o estado do Rio Grande do Sul enfrenta, acompanhamos a formação de uma rede de solidariedade com um papel imprescindível para a reconstrução do estado gaúcho e a criação de um novo capítulo na história. E nossos bolsistas não ficaram de fora, demonstrando na prática o espírito de retribuição à sociedade. Entre tantas iniciativas importantes, relatamos com orgulho as maneiras que integrantes da rede Instituto Ling encontraram para contribuir com o reerguimento do Rio Grande do Sul.

Rede de solidariedade | Veja as ações dos bolsistas do Instituto Ling

Augusta Diebold (LLM 2016) e mais 16 pessoas estão envolvidas na iniciativa “remobilia.rs”, inicialmente criada para trazer água e mantimentos ao estado, diretamente de São Paulo. Durante a arrecadação,  foram surpreendidos com o engajamento de todos, tanto que um caminhão apenas não bastou. Assim, viram que o projeto tinha potencial e poderia evoluir para algo maior, especialmente sabendo que o auxílio não seria necessário apenas nas primeiras semanas. Com R$196.649,85 captados até 13 de maio, o projeto passou a focar em parcerias com entidades locais para a limpeza e reconstrução dos lares afetados pela enchente. Assim surgiu a @meulardevolta, que está organizando a “maior faxina da história”, com limpeza e reconstrução das casas afetadas pelas enchentes.

“Nossa meta, daqui pra frente, é seguir com a captação de recursos e acompanhar as necessidades que surgem e nos são informadas pela linha de frente do @meulardevolta, e assim definirmos como destinar nossos recursos. Estamos abertos também para parcerias com outras iniciativas locais.”

Além da Augusta, estão trabalhando na iniciativa: Ana Paula Vargas Maia, Bruno Tavares, Cássio Macedo, Daniel Caminha, Débora Boniatti, Juan Pilotto, Letícia Machiavelli, Marcelo Laks, Olga Dornelles, Pedro Bacaltchuk, Rodrigo Steiner, Ricardo Brock e Tiago Kaplan.

 

Igor Carrasco (JV 2014), sua esposa Gabi Branco e cunhada Bibiana montaram um mecanismo de busca agregando mais de 80 planilhas, bancos de dados e documentos de registro de pessoas resgatadas das enchentes. Além do trio, a equipe conta com 15 voluntários espalhados pelo estado do Rio Grande do Sul, Brasil e Estados Unidos. Voluntários e autoridades trabalhando em abrigos vêm usando a ferramenta também para conectar pessoas que foram resgatadas e acabaram separadas de parentes, filhos e amigos.

Igor desenvolveu os sistemas que ingerem, processam, e centralizam os dados das planilhas e documentos de abrigos. Também integrou a busca inteligente nesse banco de dados centralizado. Essa funcionalidade é providenciada de forma gratuita por uma startup americana chamada Algolia, que isentou os custos da operação dentro de um programa de software Open Source.

“No começo da crise, estávamos tentando localizar pessoas na região do Vale do Taquari, e identificamos a dificuldade de acessar múltiplas planilhas mantidas independentemente por cada abrigo. Com a minha experiência de engenheiro de produtos de dados, identifiquei que poderíamos facilitar o acesso a essas informações com uma solução relativamente rápida. Recebemos diversos relatos nos últimos dias de que o projeto foi e vem sendo útil, o que nos sensibiliza e orgulha.”

Geanluca Lorenzon (MBA 2022), Bruno Rigonatti (MBA 2022) e Silvio Frison, foram responsáveis por organizar o Stanford Fundraiser, ação que já arrecadou 17 mil dólares e esperam que arrecade ainda mais. Depois de fazer várias verificações com especialistas locais, decidiram direcionar o valor angariado para o Instituto Cultural Floresta, organização sem fins lucrativos que tem sido reconhecida internacionalmente pelos seus serviços durante a crise atual. Os fundos têm sido usados para fornecer abrigo, comida e canoas de resgate. 

“Muitos dos atingidos são nossos amigos, conhecidos e até parentes. Mas acima de tudo, o lema da nossa escola é fazer uma diferença no mundo real das pessoas. Foi difícil para nós vermos a tragédia transcorrer tão longe, e pensamos no que poderíamos ajudar à distância. Estamos confiantes de que todos os fundos serão usados rápida e efetivamente para serviços de resgate e ajuda emergencial nas áreas afetadas.”

Daniel de Moraes Branco (MBA 2006) Tomou a iniciativa de doar os royalties de seu novo livro para ações solidárias no Rio Grande do Sul. Daniel não apenas espera que os royalties auxiliem na forma de doação, mas acredita que o conteúdo do livro, que começou a escrever quando um furacão atingiu San Diego, também pode ser de grande ajuda. San Diego não é uma região onde furacões são recorrentes e ele considera que aquele evento foi mais um exemplo de como a saúde do nosso planeta está fragilizada. Daniel comenta que as enchentes no RS são um outro trágico exemplo. No momento, foi publicada a versão em inglês, que já estava pronta. Mas Daniel já está trabalhando na versão em português também. 

“Por que doar? Porque quem eu sou é o resultado de gerações e gerações que vieram antes de mim. Esse livro, apesar de ter sido escrito por mim, é uma canalização de infinitas vozes. Esses royalties não me pertencem. E como quem eu sou foi forjado principalmente no Rio Grande do Sul, eu prefiro que os recursos financeiros auferidos com a venda sejam utilizados para a recuperação do estado (de preferência, uma recuperação feita com base nesse novo entendimento que eu discuto no livro).”

Carlo Rocha (LLM 2013), conselheiro da Students For Liberty Brasil, conta que a instituição organizou a campanha "Força Rio Grande do Sul"  de arrecadação em conjunto com outras instituições liberais para auxiliar aqueles que estão na linha de frente, já arrecadando mais de 85 mil reais. Além disso, foi lançada uma campanha de arrecadação internacional, que está sendo divulgada para todas as regiões do mundo. Até agora, foram arrecadados cerca de 20 mil reais.

Os recursos são destinados assim que solicitados pelos voluntários ou grupos parceiros, ou seja, a doação chega na ponta para quem precisa de forma muito rápida e instantânea. Hoje, como a equipe de voluntários e alumni estão atuando majoritariamente na linha de frente, o SFL realiza repasses diretamente para eles comprarem o que é necessário (colchões, suplementos alimentares, toalhas, geradores, barcos, roupas para mergulho...).

“Hoje, no SFLB, contamos com dezenas de voluntários residentes do Rio Grande do Sul. Além disso, grande parte da equipe que trabalha no SFLB mora na região metropolitana de Porto Alegre. Ver o sofrimento que estão passando, nos mostrou que precisávamos fazer algo mais, pois não há uma defesa da liberdade se não podemos nos ajudar como sociedade. Nossa motivação principal reside na empatia necessária no momento e na dimensão do ocorrido, que necessitava de resposta rápida da sociedade civil, com resgates e doações.”

Yuri Gomes de Abreu (MBA 2021), COO da Idiomus, que está trabalhando para arrecadar recursos e fazer os recursos chegar para quem mais precisa. O CEO da empresa é de Canoas, RS e está liderando a ação. Já foram arrecadados mais de 20.000 BRL e os recursos foram utilizados para compra de materiais de necessidade diretamente para indivíduos afetados na cidade de Canoas.

Sabrina Passos (JV 2015) é uma das integrantes da iniciativa Beyond, um movimento global que nasceu de um desejo de brasileiros com bases no Brasil, Estados Unidos e na Europa, que combina recursos mobilizados e expertise multidisciplinar para apoiar o Rio Grande do Sul. Um grupo de amigos de longa data, executivos com carreira no Brasil e fora do país, decidiu que precisava atuar diretamente em duas frentes: apoio de cooperações para temas emergenciais e soluções de longo prazo. Havia uma obstinação em todos de ir além, por isso o nome “Beyond”. Hoje temos um grupo core e dezenas de voluntários que se articulam a partir de ações e necessidades específicas.

As metas dependem de cada ação. Estão com um campanha no ar que quer montar 25 mil kits para a volta às aulas, por exemplo. Além das doações dos produtos ou negociações para compra a preço de custo ou competitivo, a vakinha on-line busca arrecadar R$100.000,00. Mas eles têm grandes objetivos, como apoiar por exemplo a drenagem do RS com bombas que são utilizadas no manejo do arroz irrigado. O projeto piloto já começou e está operando em Porto Alegre, Canoas e Novo Hamburgo. Já chegaram no RS mais de 150 toneladas de água, 75 starlinks, 30 toneladas de etanol, 800 kg de medicamentos.

“O que está acontecendo no RS não tem precedente. E por óbvio, não temos um manual de como agir, como se comportar. Nos primeiros dias da tragédia me vi paralisada pelo medo e achando qualquer esforço de apoiar quem precisava era muito pouco. Precisava fazer mais, catalizar esse desejo. Sozinha, até consegui mobilizar amigos, arrecadar algum recurso. Mas pra fazer mais, precisava de mais braços, mais cérebros, mais conexões. Com o Beyond a gente consegue responder mais rapidamente à crise, mobilizar mais recursos, implementar mais soluções. Começamos por causa do coração apertado, pelo sofrimento generalizado, mas seguimos por que precisávamos olhar pra frente de maneira estratégica, com metodologia e trabalho organizado. Aquele sentimento do início é nosso combustível pra seguir.”

Amanda Sampaio (LLM 2016) e colegas do grupo de alumni da Columbia, baseados em São Paulo, conseguiram articular um caminhao-pipa que levou 90 mil litros de água potável do parque aquático AquaLokos para a Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre. Além disso, o que começou como um envolvimento bastante individual de Amanda, quando comunicou aos seus sócios que compraria cobertores em um bairro tradicional da indústria têxtil de São Paulo, os quais seriam enviados ao RS por meio de um caminhão de uma conhecida que é sócia de uma empresa de logística, se tornou em uma ação muito maior. Ela conta que em 1 hora haviam arrecadado cerca de 20 mil reais.

“Percebi o poder da confiança. Essas pessoas que doaram para mim não haviam doado para iniciativas oficiais ainda (seja de ONGs ou governo) por desconfiarem da destinação dos recursos. Foi então que mobilizei a nossa equipe de Responsabilidade Social do escritório (que fica na estrutura de RH) para fazermos o mesmo em larga escala, abrindo para doações de todos os colaboradores, garantindo que a boa e eficiente destinação dos recursos seria garantida pelo escritório.”

31.5.2024

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