Criar a educação do futuro é a missão diária de Lucas Mendes à frente da Lumiar
Transformar a educação tradicional é o objetivo do mineiro Lucas Mendes de Freitas Teixeira (LLM 2014), CEO da Lumiar, rede de escolas com metodologia inovadora. A chegada da paternidade impulsionou o interesse que existia desde o curso de Direito, quando criou uma associação para apoiar outros alunos. Apaixonado por tecnologia e inovação, inscreveu-se para o mestrado em Direito na universidade de Berkeley. Após liderar os escritórios compartilhados da WeWork no Brasil, abraçou a missão da educação e direciona suas habilidades em preparar estudantes para o futuro.
O desejo de estudar fora existia desde antes do vestibular, tanto que Lucas leu o edital da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) já imaginando em que país faria um intercâmbio durante a faculdade de Direito. E o sonho se realizou em 2009, na França, na Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne. Antes disso, em 2007, outra experiência internacional colaborou para ampliar os horizontes profissionais. Lucas foi selecionado para um estágio na ONU, em Genebra, trabalhando em um projeto do International Trade Center.
Durante meio ano, atuou como ponte para organizações de pequenos agricultores e trabalhadores para inserção no mercado internacional. Naquele período, grandes hotéis estavam se instalando na costa da Bahia; o objetivo era facilitar para a população se beneficiar do crescimento oriundo da cadeia de turismo. Coincidentemente ou não, o projeto incluía um hotel-escola em Lauro de Freitas, o que agora Lucas enxerga como a primeira vez que a educação apareceu como pauta profissional.
Ao concluir a faculdade e se tornar bacharel em Direito, Lucas e outros ex-colegas se reuniram para pensar em como poderiam ampliar as oportunidades que tiveram para mais pessoas.
— Estávamos em um grupo de ex-alunos em que a maioria teve chance de estudar no exterior. Então começamos a pensar em como ajudar estudantes que não tinham as mesmas condições. A ideia era criar uma associação para financiar projetos dos alunos, como extensão, competições de Direito Internacional, mentorias etc. Assim surgiu o Amigos da Vetusta — conta Lucas.
A iniciativa acaba de completar 10 anos, contribuindo e apoiando universitários de grande destaque acadêmico com projetos de alto impacto para a Faculdade de Direito da UFMG. A carreira profissional de Lucas ainda teve uma experiência em Brasília, trabalhando como advisor junto ao CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), vinculado ao Ministério da Justiça, e posteriormente em São Paulo ao ser trainee do Itaú.
O ano era 2014 e, para viabilizar a experiência internacional, Lucas concorreu ao programa de bolsas do Instituto Ling, que lembra até hoje com carinho do processo seletivo e da sorte de ser aprovado.
— Queria estudar em uma universidade com visão de Tecnologia e de Inovação. Conversei com muitas pessoas e decidi por Berkeley, a Universidade da Califórnia, porque tinha uma carga horária muito flexível e facilitava várias atividades fora da escola de Direito.
O período de um ano vivido na Costa Oeste americana até hoje é uma recordação cheia de alegria, pela vivência além dos aspectos profissionais. O que testemunhou por lá, conta, é uma inspiração até hoje, especialmente a forma como os professores conduzem as disciplinas e a dinâmica de ensino além da teoria, com saídas de campo para visualizar a prática.
Um encontro em solo americano acabou sendo decisivo em seu futuro. Em um café da manhã de bolsistas do Instituto Ling em Nova York, tradicional evento realizado todos os anos, Lucas se conectou com outro ex-bolsista, o empreendedor Paulo Uebel, e ficaram amigos. De volta ao Brasil, Lucas seguiu sua trajetória no banco Itaú, sendo cofundador do projeto Cubo, uma plataforma de geração de negócios para startups de alto impacto.
Quando Uebel foi convidado para uma nova oportunidade de trabalho, indicou Lucas para liderar o WeWork no Brasil. De diretor regional, Lucas passou a CEO da empresa de escritórios compartilhados. Foram cinco anos vividos na gestão da startup, com dezenas de espaços em diversas cidades brasileiras.
A empresa também começou a apostar em um linha de educação: a ideia era fundar uma escola chamada WeGrow, com o intuito de ser desenvolvida para o Brasil. Por conta do projeto, Lucas chegou a conhecer muitas instituições de educação básica, mas a iniciativa não teve sequência. Este piloto, porém, plantou uma sementinha em Lucas, que aflorou com o nascimento de seu primeiro filho, Antonio. Como empreendedor e agora como pai, abraçou a oportunidade de ser CEO da Lumiar Educação e ampliar o alcance da escola com franquias.
Tomou contato com a metodologia que propõe uma experiência disruptiva na educação. Lucas também se aventurou a ser professor-mestre de algumas turminhas de 8 a 10 anos para compreender a experiência de ensino desde as pontas. Esta possibilidade de tutoria é um dos pilares do método Lumiar, a chamada “aprendizagem baseada em projetos”, que trabalha habilidades e conteúdos de acordo com as expectativas dos estudantes.
A primeira iniciativa que tomou na Lumiar ao chegar foi a mesma que havia instituído na WeWork: aumentar a licença-paternidade para 20 dias. É muito pouco, na opinião do CEO e agora pai, a licença oficial das empresas segundo a legislação ser apenas de 5 dias.
— Essa questão mexeu comigo. Quem tem essa oportunidade, estando em uma cadeira de CEO como eu estava, tem que fazer isso. Não irá resolver tudo, mas é um passo na direção de incentivar a família como um todo a estar mais envolvida no dia a dia dos filhos.
Os filhos agora são dois: além do Antônio, que tem 3 anos, chegou o Mateus há 1 ano para completar a família. E a família Lumiar também não parou de crescer. Agora a rede tem 10 escolas, em cidades como Campinas, Santos e Criciúma, além de duas em Porto Alegre e duas no exterior (Iraque e Inglaterra). É com orgulho que descreve o projeto da Escola Comunitária Aldeia, a parceria da Lumiar com a Aldeia da Fraternidade em Porto Alegre, inclusive tendo o Instituto Ling como um dos apoiadores.
— É a prova de que o modelo que existe em escolas privadas pode funcionar em uma realidade completamente diferente. As notas dos alunos da escola comunitária são similares às de escolas de alta renda. Sem falar que é uma iniciativa mais barata para as prefeituras do que uma escola pública tradicional. Este é um grande exemplo para o Brasil todo, de educação de ponta sendo feita a um custo muito acessível com parcerias entre governo, institutos e entidades de terceiro setor — explica o CEO.
Assim como o modelo é inovador, também o conteúdo do ensino é disruptivo. O foco está em promover as habilidades para o século 21, desenvolvendo competências como incentivo à criatividade e mentalidade de crescimento, entre outras capacidades. Estimular desde pequenos é o principal objetivo, que começa no núcleo familiar e tem sequência no ambiente formal.
— Depois que temos filhos, muda a perspectiva de o que é educação. Você começa a pensar não só em si mesmo, mas na sociedade. As crianças acabam abrindo um universo novo — reflete.