ACERVO

Walmor Correa | Livro | 2013

Walmor Correa | Livro | 2013

A linguagem mais constante na produção do artista Walmor Corrêa é o desenho, ainda que muitas vezes o desenho se materialize em objetos, pinturas e instalações. Em sua poética, o desenho é a guia que deixa convergir dois polos supostamente opostos. De um lado está a imaginação fabulosa, que observa fragmentos microscópicos do cotidiano e da natureza e neles enxerga um mundo habitado por narrativas fantásticas, forças mitológicas ou memórias de fatos que não chegaram a existir (ao menos não no campo objetivo dos fatos). E do outro, está o repertório técnico da ciência, que analisa e decompõe corpos, biomas e territórios, registrando funções, morfologias e causalidades, de preferência a partir de constatações empíricas e encadeamentos lógicos.

Quer conhecer o acervo permanente ou precisa de fotos das obras em alta qualidade? Escreva para o e-mail educativo@institutoling.org.br.

ficha técnica

  • Autor

    Walmor Correa

  • Título

    Livro

  • Ano

    2013

  • Técnica

    Aquarela, grafite e lápis de cor sobre papel algodão e material de encadernação

  • Dimensões

    52 x 78 x 2,5 cm

  • Local da obra

    Corredor das salas de aula


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Sobre o Artista

Walmor Correa
Fredy Vieira, Jornal do Comércio (Crédito da foto)

Nascido em Florianópolis/SC, em 1962. Vive e trabalha em São Paulo/SP.

Estudou Arquitetura e Urbanismo na Unisinos (São Leopoldo) e, quase formado, resolveu trocar para Publicidade e Propaganda, curso em que acaba se graduando em 1985 pela mesma universidade. Ainda na década de 80, participa do Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre, onde estuda desenho, pintura e gravura; além de frequentar o MAM Atelier de Litografia de Porto Alegre.

Ao longo de sua carreira, Walmor Correa tem colocado em xeque os métodos científicos aclamados na modernidade, além de traduzir poeticamente a materialização de mitos e lendas que vivem no imaginário brasileiro há mais de 500 anos – fruto de uma extensa pesquisa que vai dos relatos de viajantes a seres que habitam o mundo literário, passando por todo um saber que é oral e popular. Na obra que integra nosso acervo, é possível conhecer lendas indígenas, como os mitos do tucunaré e do peixe bodó, além de um híbrido entre lebre e primata.

 

“Walmor torna visível esse imaginário e realiza um corte na imagem, isto é, organiza e classifica aquilo que não está no campo do visível. Materializa diversos fragmentos orais e impressos, mobiliza o imaginário.

[...] O artista reelabora uma síntese que não mais separa o que é erudito ou o que é popular, mas à maneira de um arqueólogo e de um etnógrafo recompõe os fragmentos e resíduos que vê, lê e escuta.”

Eduardo Jorge em artigo para o Interartive

 

Sobre o processo de criação do artista, a crítica e historiadora da arte Paula Ramos comenta:

 

“É lendo (o texto) que o espectador ganha mais subsídios para adentrar no universo do artista, marcado substancialmente pela refinada técnica em desenho, pelo contraponto entre ciência e fantasia, pelo debate crítico sobre natureza e cultura e por uma inusitada costura de sentidos entre imagens e escritos.

Atentemos ao desenho: de fato, diante de uma obra do artista, o observador vai se deixar envolver, de forma imediata, pelo delicado e elegante grafismo. Sua obra sempre valorizou as linhas precisas e delicadas, buscando a leveza presente na plástica taxonômica, nos compêndios de História Natural dos séculos XVIII e XIX, bem como nos trabalhos dos artistas-viajantes.

[...] Ao referenciar o desenho de natureza taxonômica, o artista toma para si o “discurso da verdade” que essa técnica de representação historicamente incorporou, porém o adota com ironia.”

Paula Ramos em Walmor Corrêa: o estranho assimilado

(trechos das páginas 186, 187 e 188)

 

Algumas das suas exposições individuais incluem Walmor Corrêa e Sporophila Beltoni, no Instituto Ling, Porto Alegre (2018); Achillina Giuseppina Maria – Bo Achillina – Achillina Giuseppina – Achillina BoBardi – Lina Bo Bardi – Lina Bo Plano Expandido, no SESC Pompeia, São Paulo (2016); e Metamorfoses e Heterogonia – Projeto Parede, no MAM SP (2015). Entre as mostras coletivas que contaram com a participação do artista figuram: Apropriação/Coleção/Justaposição, com curadoria de Tadeu Chiarelli, que aconteceu no Santander Cultural, Porto Alegre (2002); a 26ª Bienal de São Paulo (2004); a Panorama da Arte Brasileira, do MAM SP (2005) e a 7ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2009).

Autor(a): Camila Salvá 

 

PARA SABER MAIS sobre a artista

Instagram do artista

Vídeo em que Walmor fala sobre seu atual processo artístico

Projeto do artista na Parede do MAM-SP

Vídeo do artista falando sobre a série Biblioteca dos Enganos

Entrevista do artista sobre arte e ciência

Matéria da revista Casa e Jardim sobre o apartamento projetado pelo próprio Walmor

 

Confira abaixo a entrevista que realizamos com o artista sobre a obra:

 

Referências 

RAMOS, Paula (Org.). Walmor Corrêa: o estranho assimilado = the uncanny assimilated. Porto Alegre: Duz Produções, 2015. Edição bilingue: português/inglês; 400p.

Artigo de Eduardo Jorge para o Interartive. Disponível emi: https://interartive.org/2010/12/walmor-correa

SALVÁ, Camila Gomes. No meio do caminho tinha uma pedra: o MAM e a litografia no Rio Grande do Sul. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Artes, Curso de História da Arte, Porto Alegre, 2021. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/236111.