ACERVO

Siron Franco | Sem título | 1992

Siron Franco | Sem título | 1992

A pintura de Siron Franco é uma das primeiras obras do acervo que os visitantes enxergam ao entrar no centro cultural. Ela é colorida e composta por desenhos abstratos sobre um fundo claro com pinceladas que mesclam tons de cinza. Do lado esquerdo é possível observar dois quadrados escuros lado a lado em tons de marrom, azul e vermelho. Logo abaixo deles está escrito “Brasília 1992 ago” em vermelho. Em um dos quadrados, podemos ver que o número 22 aparece duas vezes lado a lado e, entre eles, aparece o número 44. Do lado direito vemos uma figura vertical que está rente à borda e ocupa quase todo o comprimento da tela. No meio do quadro é possível ver uma forma humana que tem a mesma cor do fundo do quadro, então, é como se ela estivesse quase apagada. Segundo o artista, é como se a figura fosse um fantasma ou estivesse na neblina.

Apesar de ser uma composição praticamente abstrata, ela foi inspirada por um tema político: uma reportagem que o artista leu sobre um homem que foi preso por estar roubando comida.

Quer conhecer o acervo permanente ou precisa de fotos das obras em alta qualidade? Escreva para o e-mail educativo@institutoling.org.br.

ficha técnica

  • Autor

    Siron Franco

  • Título

    Sem Título

  • Ano

    1992

  • Técnica

    Óleo sobre tela

  • Dimensões

    200 x 160 cm

  • Local da obra

    Corredor – ao lado do elevador no andar 0

 

Em uma bonita cena do documentário feito sobre sua obra, Siron. Tempo sobre tela, o artista comenta:

“Eu lembro mais das coisas que pintei do que das coisas que vivi”

Siron Franco no documentário Siron. Tempo sobre tela.

 

 

 

Audiodescrição da obra:

Instituto Ling · Audiodescrição da obra Sem Título, de Siron Franco, 1992

 


Sobre o Artista

Siron Franco
Galeria Almeida & Dale

Nascido em 1947, em Goiás Velho (GO). Atualmente vive e trabalha em Goiânia (GO).

Siron Franco faz parte da geração de artistas que vivenciou a ditadura militar e o artista teve amigos que foram mortos e torturados pelo regime. Segundo o artista, é por isso que na década de 1970 ele pintava sonhos e pesadelos. É nesta época que seu trabalho ganha notoriedade – marcado pela forte temática e expressividade, assim como pela experimentação material. Camadas espessas de tinta e os materiais brutos de suas instalações e esculturas são ainda hoje a marca da sua produção. O artista utiliza o universo onírico (dos sonhos) para trabalhar assuntos difíceis e que trazem à luz questões políticas e sociais do nosso país.

Siron já afirmou que sua obra é “uma tentativa de deixar um testemunho de sua época em forma de crônica visual”. Cabe aqui destacar a notável série Césio (1987), em que o artista comenta a tragédia decorrente do vazamento de material radioativo em Goiânia, além da instalação recente Renascimento, sobre a pandemia de Covid-19 e suas devastadoras mortes.

Mas é preciso lembrar que não são apenas grandes eventos traumáticos/transformadores que viram matéria-prima para este artista: o cotidiano e suas nuances também o interessam. Assim como na pintura do nosso acervo, várias de suas obras apresentam uma simples cena costumeira que se transforma numa “expressão carregada de simbolismos, contaminada e transformada pelos olhos do inconsciente” (Galeria Almeida & Dale).

É um artista que tem na figura humana uma das marcas de seu trabalho; e por essas figuras serem, por vezes, sombrias, fantasmagóricas, enigmáticas e cruas, muito críticos aproximam sua produção com as de Iberê Camargo e Francis Bacon, principalmente alguns de seus trabalhos da década de 1990.

No texto da Galeria Almeida & Dale, que representa o artista, é dito:

“Sempre irrequieto, migrou de uma figuração mais flagrante para experimentações com texturas e arranjos cromáticos, buscando os limites – ou encontros – entre o figurativo e o abstrato. A partir da liberdade que este descolamento de sua temática habitual lhe proporciona, Siron emprega técnicas e materiais menos frequentes em sua produção, explorando o desenho, a colagem e grafismos.”

 

Galeria Almeida & Dale

Participou de exposições em museus nacionais e internacionais de relevância como MASP, MAM-RJ, MAM-SP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, The Bronx Museum of the Artes (Estados Unidos) e Nagoya City Art Museum (Japão). Entre as coletivas que se destacam estão a 2ª Bienal de Havana, várias edições do Panorama da Arte Brasileira (MAM-SP) e a Bienal de São Paulo, tendo sido premiado na 13ª edição.

Suas obras integram o acervo de célebres instituições de arte no Brasil e exterior, tais como MASP, MAM-RJ, MAM-SP, MAM-BA, MNBA (RJ), Metropolitan Museum of Art (Nova York, Estados Unidos), Museu Salvador Allende (Santiago do Chile, Chile) e Essex Collection of Art from Latin America (Colchester, Inglaterra).

Autor(a): Camila Salvá.

 

PARA SABER MAIS sobre o artista

Página do artista no site da Galeria Almeida & Dale

Você sabia que o artista escuta a mesma música até terminar uma obra? Em entrevista à TV Brasil, Siron diz que é para sentir que o tempo não passou.

Página do artista no site da Paulo Darzé Galeria

Ficou com vontade de conhecer o ateliê do artista? Confira o vídeo Art talks with Siron Franco!

Em 2021 foi lançado o documentário Siron. Tempo sobre tela sobre a vida e a obra do artista. Dirigido por André Guerreiro Lopes e Rodrigo Campos, o filme pode ser conferido na plataforma de streaming Belas Artes à la Carte.

 

Confira abaixo a entrevista que realizamos com o artista sobre a obra:

 

Referências

Página sobre o artista na Galeria Almeida & Dale. Disponível em: https://www.almeidaedale.com.br/pt/artistas/siron-franco

Entrevista concedida à equipe do Educativo do Instituto Ling em 23/09/2022.

Vídeo sobre a instalação Renascimento. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=60D21s6Nz2s&ab_channel=MuseudaImagemedoSom